
Em decisão polêmica, tribunal adia julgamento de Netanyahu após pressão de Donald Trump

O Tribunal Distrital de Jerusalém concordou neste domingo (29) em adiar o julgamento por corrupção contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. O pedido ocorreu apenas poucas horas após o presidente dos EUA, Donald Trump, solicitar o arquivamento do caso.
De acordo com informações divulgadas pelo The Times of Israel, o tribunal concordou em cancelar as audiências de Netanyahu na próxima semana, depois que o primeiro-ministro, apoiado pelos chefes da Inteligência Militar do Exército e do Mossad, explicou os motivos do adiamento aos juízes durante audiência em portas fechadas.
A equipe de defesa de Netanyahu apresentou dois pedidos nesta sexta-feira para cancelar o depoimento do primeiro-ministro pelas próximas duas semanas devido a "importantes questões diplomáticas, nacionais e de segurança" após a recente guerra com o Irã e em meio aos combates em curso na região de Gaza. Os juízes inicialmente rejeitaram os pedidos, mas no domingo (29) reverteram a decisão.

No entanto, o tribunal cancelou apenas as audiências da próxima semana, recusando-se, neste momento, a cancelar as audiências da semana seguinte, alegando "falta de certeza" quanto a "desenvolvimentos relevantes" no caso.
Por sua vez, Donald Trump, que anteriormente havia pedido o arquivamento do caso contra seu aliado Netanyahu em diversas ocasiões, compartilhou um link para um artigo do New York Post em suas redes sociais, sobre a decisão tomada hoje pelo tribunal israelense.
Pressão de Trump
Neste sábado, Donald Trump declarou que "é terrível o que estão fazendo em Israel com Bibi Netanyahu", chamando-o de "herói de guerra e um primeiro-ministro que fez um trabalho fabuloso".
Além disso, o presidente chamou o julgamento de Netanyahu de uma "caça às bruxas" semelhante ao que ele teve que suportar. "Essa farsa da 'justiça' interferirá nas negociações com o Irã e o Hamas", disse Trump.
O presidente dos EUA também afirmou que seu país "gasta bilhões de dólares por ano, muito mais do que qualquer outra nação, protegendo e apoiando Israel" e, portanto, seu governo não tolerará os processos judiciais enfrentados pelo primeiro-ministro israelense. "Acabamos de conquistar uma grande vitória com o primeiro-ministro Bibi Netanyahu no comando, e isso mancha muito a nossa vitória. Libertem Bibi, ele tem um ótimo trabalho a fazer!", concluiu.
Por sua vez, Netanyahu já respondeu a Trump publicamente em suas redes: "Obrigado novamente, Donald Trump. Juntos, faremos o Oriente Médio grande novamente!"
Nesta quarta-feira (25), Trump divulgou mais uma mensagem repleta de elogios a Netanyahu, a quem chamou de "um guerreiro" com quem passou pelo "inferno" enquanto lutava contra o Irã.
O julgamento
Benjamin Netanyahu é o único primeiro-ministro na história de Israel a ser processado enquanto estava no cargo. Ele enfrenta três acusações relacionadas a fraude, abuso de confiança e suborno.
No entanto, seu julgamento foi adiado inúmeras vezes desde o início, ainda em maio de 2020.
Netanyahu solicitou adiamentos devido a conflitos com o movimento palestino Hamas em Gaza e o movimento Hezbollah no Líbano.
O premiê negou qualquer irregularidade, alegando que todas as acusações são forjadas e parte de um golpe político liderado pela polícia e pelo Ministério Público.

