
Inteligência artificial: como a China tenta superar os EUA sem depender dos chips americanos

China e Estados Unidos protagonizam hoje uma verdadeira corrida tecnológica no campo da inteligência artificial. Embora os chineses ainda estejam atrás dos norte-americanos no desenvolvimento de chips de IA, o ex-vice-presidente da Microsoft, Harry Shum Heung-yeung, alertou, durante entrevista ao South China Morning Post, que seu país está avançando rapidamente na engenharia de algoritmos.
A disputa pela supremacia global em inteligência artificial entre as duas maiores potências econômicas se desenrola em três frentes principais — chips, algoritmos e aplicativos. No segmento dos chips, os Estados Unidos mantêm ampla vantagem, já que, segundo Shum, a defasagem tecnológica da China nesse setor "não pode ser superada em um ou dois anos".

Diante do aumento das restrições de exportação impostas pelos Estados Unidos, empresas chinesas — entre elas a gigante de telecomunicações Huawei Technologies — intensificam seus esforços para criar substitutos locais aos chips da Nvidia, embora encontrem dificuldades para alcançar a gigante norte-americana.
Ainda assim, os chineses encontram espaço para reduzir essa distância por meio de avanços expressivos no desenvolvimento de algoritmos. "A China está acompanhando de perto os algoritmos, e o DeepSeek é um bom exemplo disso", afirma o renomado cientista da computação.
Sediada em Hangzhou, o mais novo polo tecnológico do país, a DeepSeek ganhou projeção internacional ao apresentar resultados comparáveis aos dos principais concorrentes norte-americanos. O feito é ainda mais notável considerando que a empresa opera com apenas cerca de 10 mil chips de IA — um número muito inferior às centenas de milhares utilizadas por gigantes como OpenAI e Google.
Com dois modelos de linguagem capazes de rivalizar em desempenho com os líderes globais, a startup chinesa se destacou por alcançar esse patamar com custos significativamente mais baixos, tornando-se um símbolo da competitividade chinesa no cenário global da inteligência artificial.
Apesar de algumas dificuldades, Shum demonstra otimismo quanto ao avanço acelerado da China no setor de semicondutores e ressalta que o país possui vantagens significativas no desenvolvimento de aplicações de inteligência artificial. "Quando se trata de aplicações, temos uma oportunidade concreta de conquistar inovações verdadeiramente relevantes", completou o cientista.

