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Cartel de Sinaloa hackeou FBI para eliminar informantes e testemunhas

Relatório do Departamento de Justiça dos EUA mostra que organização criminosa usou tecnologia de ponta para vigiar agentes e ameaçar delatores.
Cartel de Sinaloa hackeou FBI para eliminar informantes e testemunhasLegion-media.ru / Samuel Corum / Sipa USA

O Cartel de Sinaloa contratou um especialista em invasões digitais para hackear celulares e outros dispositivos eletrônicos com o objetivo de obter informações sigilosas do FBI. Segundo as autoridades, o grupo criminoso pretendia usar esses dados para intimidar e, em alguns casos, assassinar possíveis delatores e testemunhas. O episódio aconteceu em 2018, mas só veio à tona agora, por meio de um relatório do Escritório do Inspetor-Geral do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

O documento, que faz uma auditoria sobre as medidas de proteção do FBI contra espionagem, revela que a trama foi descoberta durante as investigações contra Joaquín "El Chapo" Guzmán, então chefe do cartel. Na ocasião, um integrante da organização chegou a procurar um agente da agência e afirmou que "o cartel havia contratado um hacker".

O hacker, segundo o relatório, passou a monitorar a entrada e saída de pessoas na Embaixada dos Estados Unidos na Cidade do México. Com isso, conseguiu identificar um dos representantes do FBI no local, descobriu seu número de telefone, teve acesso às suas chamadas e também aos dados de localização. Além disso, utilizou câmeras de segurança espalhadas pela cidade para seguir os passos do agente e descobrir com quem ele se encontrava. 

De acordo com o FBI, o Cartel de Sinaloa usou essas informações para localizar e, possivelmente, eliminar informantes e testemunhas. O relatório não revela a identidade do hacker, do agente envolvido nem das eventuais vítimas.

O episódio reforça os desafios que as autoridades dos Estados Unidos enfrentam com a chamada "vigilância técnica ubíqua" — prática que consiste no uso generalizado de tecnologia, como rastreadores, câmeras e dados de celulares, para mapear pessoas, locais e atividades. Essa realidade tem aumentado os riscos para agentes e informantes que trabalham em investigações sigilosas. O Departamento de Justiça afirma que já adotou algumas medidas para reduzir essas vulnerabilidades, mas reconhece que ainda há falhas, especialmente na capacitação e no treinamento dos funcionários do FBI.