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Israel subestimou poder de mísseis iranianos

Ataques revelaram arsenal mais robusto e táticas inesperadas por parte do Irã.
Israel subestimou poder de mísseis iranianosGettyimages.ru / Wisam Hashlamoun

A recente guerra de 12 dias entre Irã e Israel expôs um erro estratégico grave por parte de Tel Aviv: a subestimação da capacidade de ataque iraniana.

Especialistas afirmaram ao The Times of Israel, na última terça-feira (24), que o arsenal de mísseis de Teerã surpreendeu até os planejadores militares mais experientes de Israel, apesar da interceptação da maior parte dos projéteis.

Durante o conflito, o Irã utilizou mísseis balísticos de médio e longo alcance, como o "Ghadr" e o "Emad", que causaram mortes e danos em áreas civis, inclusive na cidade de Beersheba.

A destruição de prédios, mesmo com uma taxa de interceptação de 90%, evidenciou o risco representado por falhas mínimas no sistema de defesa.

Segundo Tal Inbar, especialista em política de aviação, espaço e mísseis, as estimativas de Tel Aviv sobre a rapidez com que o Irã esgotaria seu arsenal estavam incorretas. O Irã adaptou sua estratégia, dispersando os lançamentos por várias regiões, inclusive em áreas internas do país e optando por salvas menores e mais precisas.

O pesquisador Fabian Hinz, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, apontou que Israel errou ao acreditar que a destruição de depósitos e lançadores seria suficiente. Um fator adicional não previsto foi o uso tático de bombas de fragmentação, introduzidas pelo Irã na fase final da guerra.

Esse tipo de armamento espalha submunições por áreas extensas, dificultando a ação de sistemas antimísseis.

As falhas de cálculo também afetaram a inteligência israelense. Inicialmente, estimava-se que o Irã possuía cerca de 2 mil mísseis balísticos. Após o início dos ataques, o número foi revisto para aproximadamente 3 mil.

Apesar dos ataques israelenses contra a infraestrutura de produção, os mísseis de curto alcance e os antinavio iranianos continuam operacionais.

Um exemplo citado por Hinz foi o ataque à base de Al Udeid, no Catar. Embora simbólico, ele demonstrou a capacidade de Teerã de ampliar o conflito para além da fronteira israelense.

O especialista ainda ressaltou que o fato de o Irã não ter usado mais mísseis de curto alcance pode estar relacionado a uma "moderação política" e não a limitações técnicas.

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