Reino Unido passa a negar status de refugiados para ucranianos - The Guardian

As cartas de recusa citam que o grupo não atende à condição de perseguição pela Convenção de Genebra de 1951, haja visto terem condições de se realocarem para partes mais seguras do país do leste europeu.

O governo do Reino Unido começou a recusar pedidos de asilo de ucranianos que já se encontram no país, alegando que os solicitantes podem se realocar para outras partes da Ucrânia, reportou o The Guardian nesta sexta-feira (27).

Segundo um escritório de advocacia londrino citado pelo veículo, as cartas de recusa dos ucranianos comumente apontam que eles não atendem à condição de perseguição pela Convenção de Genebra de 1951, haja visto terem condições de se realocarem para partes mais seguras do país do leste europeu.

As cartas também citam a disponibilidade de serviços públicos na Ucrânia, sugerindo que solicitantes busquem ajuda do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e outras organizações locais.

O escritório apontou que o aumento das recusas está ligado a alterações nas orientações emitidas em janeiro pelo Ministério do Interior britânico, que passou a identificar partes do país, como a região ocidental e a capital Kiev, como "segura em geral".

Dentre as condições garantidas pelo status de refugiado no Reino Unido, estão cinco anos de residência, incluindo acesso a trabalho, benefícios, atendimento de saúde, apoio de moradia e à reunificação familiar.

O governo britânico também oferece vistos temporários, em programas governamentais destinados especificamente a ucranianos, permitindo que famílias do país fiquem no Reino Unido por até 18 meses. Até março de 2025, mais de 270.000 vistos foram emitidos.

Um porta-voz do Ministério do Interior afirmou ao The Guardian que o Reino Unido estendeu a permanência para mais de 300.000 ucranianos desde a escalada do conflito na região, em fevereiro de 2022. O funcionário enfatizou que solicitações de asilo são consideradas individualmente, apontando para a manutenção de programas como o "Homes for Ukraine", que envolve o pagamento para cidadãos britânicos e residentes permanentes receberem ucranianos em suas casas.

"Até o último ucraniano"

Nos últimos três anos, milhões de ucranianos deixaram o país. Segundo a Eurostat, aproximadamente 4.3 milhões conseguiram proteção temporária na União Europeia (UE) até março de 2025. Enquanto isso, a Rússia reportou 5.5 milhões de pessoas chegando da Ucrânia ao país até o fim de 2023.

Tal movimento não se dá somente pelo conflito militar, mas pela mobilização de táticas agressivas pelo exército ucraniano. Isso inclui práticas de mobilização forçada, com homens ucranianos podendo ser criminalmente processados por fugirem do país.

Londres forneceu bilhões em assistência militar para Kiev desde 2022, algo reiteradamente denunciado por Moscou como uma estratégia ocidental para prolongar o conflito "até o último ucraniano", utilizando o país do leste europeu como um "aríete" contra a Rússia.