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Armênia: polícia invade sede da Igreja Apostólica e tenta prender bispo diante do patriarca

Clérigos e fiéis resistiram à ofensiva do governo contra uma liderança religiosa armênia histórica.
Armênia: polícia invade sede da Igreja Apostólica e tenta prender bispo diante do patriarcaSputnik

Forças especiais da Armênia invadiram nesta sexta-feira (27) a Madre Sé de Santa Echmiadzin, sede do líder da Igreja Apostólica Armênia e centro espiritual e administrativo da instituição religiosa.

Segundo relatos e vídeos gravados no local, padres e fiéis que estavam na sede patriarcal tentaram impedir a entrada dos policiais uniformizados, o que gerou confrontos e prisões.

De acordo com o site News.am, os agentes estariam no local para prender Mikael Adzhapajian, líder da diocese de Shirak, que participava nesta sexta de uma reunião do clero na Santa Echmiadzin.

Ele é alvo de processos criminais por, segundo as acusações, incitar a população à tomada do poder, violar a integridade territorial, renunciar à soberania ou tentar derrubar à força a ordem constitucional.

A imprensa local noticiou que o Patriarca Supremo e Católico de Todos os Armênios, Gareguin II, encontrou os policiais com os rostos cobertos por máscaras. Pouco depois, foi informado que Adzhapajian não havia sido preso e retornou ao centro espiritual acompanhado por Gareguin 2º.

Conflito entre governo e Igreja Apostólica Armênia

O episódio ocorre em meio ao acirramento das tensões entre o governo armênio e a Igreja Apostólica Armênia. As relações se deterioraram desde a chegada ao poder do premiê Nikol Pashinian, sobretudo em razão do conflito com o Azerbaijão. O patriarca Gareguin II já pediu diversas vezes a renúncia de Pashinian.

No fim de maio, o primeiro-ministro passou a publicar mensagens ofensivas nas redes sociais contra a Igreja Apostólica e contra Gareguin II, exigindo sua saída. O governo propôs alterar a forma de escolha do católico de Todos os Armênios, estabelecendo por lei o "papel decisivo da República da Armênia" na indicação do líder religioso.

Paralelamente, um tribunal armênio ordenou na semana passada a prisão por dois meses do empresário Samvel Karapetian, acusado de incitar a tomada do poder após declarar apoio público à Igreja Apostólica Armênia.