Macron elogia ataques de Trump contra o Irã

Declaração vem após ataques dos EUA a instalações iranianas, e em meio à modernização das forças nucleares francesas.

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que os recentes ataques realizados pelos Estados Unidos contra três das principais instalações nucleares do Irã foram "realmente eficazes".

A declaração foi feita durante coletiva de imprensa após a cúpula da União Europeia em Bruxelas, informou a AFP nesta sexta-feira (27).

Apesar do tom de aprovação à ofensiva norte-americana, Macron alertou para os riscos de um colapso diplomático. Segundo ele, "o pior cenário" seria uma possível retirada do Irã do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), acordo internacional do qual Teerã é signatário desde 1970.

Em busca de conter uma escalada, o presidente francês disse que iniciará conversas nos próximos dias com os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, ressaltando que tem dialogado com o presidente norte-americano Donald Trump.

Contradições no debate nuclear

Enquanto condena possíveis reações iranianas, a França segue modernizando sua própria capacidade nuclear. Em 2023, o governo francês anunciou a renovação de sua esquadra de caças Rafale com capacidade para ogivas nucleares, como parte de sua doutrina de dissuasão até 2035.

Além disso, França e EUA são reconhecidamente potências nucleares, situação que contrasta com a do Irã, país sob vigilância internacional. Especialistas e agências como a AIEAafirmaram não haver indícios concretos de que Teerã esteja desenvolvendo armas nucleares.

Israel, por outro lado, frequentemente citado por analistas como possuidor de um arsenal atômico significativo, não é signatário do TNP e permanece fora de qualquer regime formal de inspeção.

Teerã reage à pressão

Como resposta à ofensiva dos EUA e à intensificação das pressões internacionais, o Parlamento iraniano aprovou uma lei para suspender a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Alireza Salimí, membro da presidência do Parlamento, afirmou que a decisão será encaminhada ao Conselho Supremo de Segurança Nacional. A proposta inclui a proibição da entrada de inspetores da agência no país e sanções para quem colaborar com eles.

Em sua conta na rede X, Macron pediu que AIEA "retome sua missão com o Irã" e reiterou que a França "se compromete com a segurança nuclear global".

Já o diretor-geral da agência, Rafael Grossi, disse que o Irã tem "obrigação de cooperar" com o organismo.