Lavrov: Militarização europeia está roubando seus contribuintes

Os recursos públicos estão sendo direcionados para o financiamento da Ucrânia, em vez de atender às necessidades internas, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Rússia.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou nesta quinta-feira (26) que os contribuintes da União Europeia e do Reino Unido estão sendo "roubados" pelo direcionamento de recursos públicos ao financiamento do conflito na Ucrânia, em detrimento das necessidades sociais internas.

A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa, em reação ao recente anúncio da OTAN de que pretende elevar os gastos militares dos países-membros para 5% do PIB ao longo da próxima década — mais que o dobro da meta atual de 2%, estabelecida há anos.

"Há uma ameaça, é claro... Uma ameaça aos contribuintes dos países da UE e da Grã-Bretanha", disse Lavrov, ao ser questionado se via essa decisão como uma ameaça direta à Rússia. Segundo ele, os cidadãos europeus e britânicos "foram simplesmente roubados nos últimos três anos", com recursos sendo redirecionados para sustentar o conflito na Ucrânia em vez de enfrentar "problemas socioeconômicos agudos e agravantes".

O chanceler russo afirmou ainda que os líderes europeus abandonaram a meta inicial de impor uma "derrota estratégica" à Rússia, passando agora a defender um "cessar-fogo imediato, sem qualquer condição prévia". Moscou, no entanto, insiste que só aceitará um acordo de paz duradouro, argumentando que uma trégua temporária serviria apenas para que a Ucrânia se rearmasse com apoio ocidental. 

A União Europeia e o Reino Unido têm aumentado sua participação no financiamento da defesa ucraniana, especialmente diante da redução da ajuda por parte dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump. Washington, por sua vez, tem pressionado os aliados europeus a ampliar seus orçamentos militares. 

Neste contexto, a Comissão Europeia autorizou recentemente o uso de cerca de € 335 bilhões originalmente destinados à recuperação da pandemia para fins militares. Além disso, em maio, foi anunciado um novo mecanismo de endividamento no valor de € 150 bilhões voltado para o fortalecimento da capacidade de defesa. A Ucrânia passou a ter acesso a esses fundos, junto aos Estados-membros da UE. 

Moscou criticou duramente essas medidas, classificando-as como um sinal de hostilidade contínua por parte do bloco europeu. No início da semana, Lavrov já havia declarado que a União Europeia deixou de ser uma união predominantemente econômica para se transformar, segundo ele, em um "bloco político-militar agressivo", tornando-se, de fato, "um apêndice da OTAN".

Ele ressaltou que mesmo os países da UE que não integram a aliança atlântica agora são obrigados a permitir o trânsito de tropas e armamentos da OTAN, o que chamou de "preparativos para a guerra" contra a Rússia.