A escalada das tensões entre Israel e Irã reacendeu o interesse da China no projeto do gasoduto Força da Sibéria 2, que ligará a Rússia ao território chinês via Mongólia, informou o jornal Wall Street Journal (WSJ) nesta quarta-feira (25).
De acordo com a publicação, o agravamento do conflito no Golfo Pérsico levou Pequim a retomar com urgência as negociações com Moscou para assegurar uma rota estável de gás natural, distante do instável Estreito de Ormuz.
Fontes próximas ao governo chinês disseram ao WSJ que os ataques entre Israel e Irã dispararam alertas em Pequim, já que 30% do gás natural liquefeito (GNL) consumido pela China vem do Catar e dos Emirados Árabes Unidos, passando por Ormuz.
Além disso, 90% do petróleo iraniano comprado pela China também depende da mesma rota. Um eventual bloqueio do estreito por Teerã poderia desencadear uma crise energética no país.
"O fornecimento de GNL da China sofrerá uma grande mudança, passando de um excesso de contratos para um déficit de fornecimento", disse Wei Xiong, chefe de pesquisa de gás na China da consultoria Rystad, ao comentar a possível interrupção da passagem por Ormuz.
Rússia: salvação estratégica?
O gasoduto Força da Sibéria 2 deve transportar até 50 bilhões de metros cúbicos de gás por ano, cruzando a Sibéria Ocidental e a Mongólia até o norte da China.
Pequim também avalia ampliar a importação de petróleo russo, que atualmente responde por cerca de 20% do abastecimento do país, segundo analistas ouvidos pelo WSJ.
"A volatilidade e a imprevisibilidade da situação militar mostraram à liderança chinesa que o fornecimento estável de dutos terrestres traz benefícios geopolíticos", afirmou Alexander Gabuev, diretor do Centro Carnegie Rússia Eurásia. Ele acrescentou que o projeto também traria vantagens para Moscou.
Entenda a importância do Estreito de Ormuz e possíveis consequências do seu fechamento em nosso artigo.