
Europa construirá 'cortina de ferro mortal' na fronteira com Rússia utilizando minas proibidas

Cinco países da OTAN planejam plantar milhões de minas terrestres perto de suas fronteiras com Rússia e Belarus, estabelecendo uma nova "cortina de ferro mortal", informou o jornal britânico The Telegraph na terça-feira (24).

Finlândia, Estônia, Lituânia, Letônia e Polônia anunciaram sua retirada da Convenção de Ottawa de 1997, que proíbe o uso de minas terrestres antipessoais. Espera-se que essas nações notifiquem formalmente a ONU sobre sua retirada até o final de junho, o que abriria espaço para que produzissem, estocassem e utilizassem tais armamentos até o final do ano.
Os estrategistas militares estão atualmente avaliando quais áreas de florestas e lagos do leste europeu serão minadas. De acordo com o The Telegraph, dos países que começarão a plantar minas terrestres, a Lituânia está na posição mais sensível, enfrentando o desafio de proteger duas fronteiras sensíveis, uma com Belarus, a sudeste, e outra com o enclave russo de Kaliningrado, a sudoeste, que juntas somam 725 quilômetros.
Preocupação local e global
A medida, motivada pela ideia de supostas ameaças de Moscou e Minsk, é vista com receio pela população lituana. "Pode ser bom para a defesa, mas não é bom para a população, pois as minas vão permanecer lá", lamentou um morador, expressando preocupação com a impossibilidade de livre acesso às florestas devido a esses dispositivos.
Anteriormente, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) havia expressado "profunda preocupação" com a decisão destes cinco membros da OTAN. "Reintroduzir essas armas atrozes seria um retrocesso profundamente preocupante", declarou Cordula Droege, diretora jurídica do CICV, acrescentando que "as minas antipessoais têm utilidade militar limitada, mas consequências humanitárias devastadoras".
Em 2023, minas terrestres mataram pelo menos duas mil pessoas em todo o mundo, sendo 84% das vítimas civis, sendo que uma a cada quatro delas são crianças. Tais armamentos ainda assolam países como Angola, Camboja, Afeganistão e Bósnia e Herzegovina.

