Em meio ao conflito entre Israel e Irã, os dois países anunciaram uma trégua. Ao mesmo tempo, cada lado afirmou que o resultado foi uma vitória para si.
Mas, no fim das contas, quem realmente saiu vencedor desse confronto? Houve algum ganhador?
O que dizem os lados envolvidos
A Secretaria do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã classificou os resultados de sua operação contra Israel como "uma vitória que forçou o adversário a se arrepender, aceitar a derrota e parar unilateralmente sua ofensiva".
Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que Tel Aviv obteve "uma vitória histórica". Ele destacou que Donald Trump "se envolveu de forma sem precedentes" no conflito e agradeceu sua participação na "defesa de Israel e na eliminação da ameaça nuclear iraniana". O governo israelense declarou que aceitou a proposta de cessar-fogo bilateral "após alcançar os objetivos da operação e em total coordenação" com o presidente dos EUA.
Donald Trump foi peça-chave nesse acordo. Anteriormente, o presidente americano foi o primeiro a anunciar a trégua:
"Israel e Irã vieram até mim, quase ao mesmo tempo, e disseram: 'Paz!'", afirmou ele. "Esta era uma guerra que poderia ter durado anos e destruído todo o Oriente Médio, mas não aconteceu — e nunca vai acontecer!"
O que dizem analistas sobre o resultado
A revista Russia in Global Affairs argumentou que o desfecho do conflito foi "lógico", já que Israel não tem recursos para uma guerra prolongada e não conseguiu derrubar o governo iraniano. O Irã, por sua vez, "evitou um nocaute, mas não tem confiança em sua resistência", enquanto os EUA temem ser arrastados para um conflito longo.
"No geral, as chances de qualquer lado alcançar seus objetivos parecem irreais, e os custos são óbvios. Por isso, a solução encontrada convém a todos", destacou a publicação.
A revista também questionou o futuro do polêmico acordo nuclear com o Irã e a dificuldade de monitorar suas instalações após os ataques.
Enquanto isso, Valentín Bogdánov, chefe do escritório da emissora estatal russa VGTRK em Nova York, afirmou que "não há vencedores claros — ou todos saíram ganhando".
Bogdánov também analisou a situação de Trump diante da crise no Oriente Médio:
A maioria dos americanos não quer guerra na região (apenas 38% apoiaram os ataques ao Irã).
Políticos de esquerda nos EUA acusam Trump de ser "criminoso de guerra", enquanto alguns democratas argumentam que o programa nuclear iraniano não foi afetado.
Por outro lado, os EUA saem com uma vantagem: o Estreito de Ormuz não foi fechado, evitando uma disparada nos preços do petróleo.
Julian Borger, correspondente do The Guardian em Jerusalém, resumiu: "Se há vencedores — e perdedores —, só o tempo dirá."