A Europa finalmente acordou militarmente, afirmou nesta terça-feira (24) a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, durante a cúpula da OTAN, realizada em Haia, nos Países Baixos.
Na ocasião, Von der Leyen apresentou medidas tomadas pela União Europeia (UE) nos últimos meses, particularmente vinculados ao plano "ReArm Europe", "que seriam impensáveis nos últimos anos". Nesse sentido, anunciou que serão investidos mais de €$ 800 bilhões em defesa nos próximos 4 anos.
"A arquitetura de segurança que nós dependemos durante séculos não pode mais ser tomada por garantida", justificou.
A presidente esclareceu que "como nós investimos é tão importante quanto o montante que investimos", detalhando que os gastos serão direcionados para "novas necessidades tecnológicas" militares. Logo depois, mencionou que o investimento europeu em start-ups de tecnologia de defesa, desde o início do conflito ucraniano em 2022, subiu 500%.
Ela também detalhou como a UE e a OTAN podem trabalhar de forma complementar: "Enquanto a OTAN define padrões e alvos prioritários para nossas aliados, nossa união pode ajudar a conectar diferentes indústrias, entre civis e militares, e entre países-membros e não membros da aliança".
Von der Leyen ressaltou a importância de garantir "acesso contínuo" a tecnologias civis de ponta, aproximando seu complexo militar de tecnologias como Inteligência Artificial (IA) e armazenamento em nuvem. "Muitos desses projetos são, como nós sabemos, de uso duplo. Navios, serviços de nuvem, software, satélites, inteligência artificial (...)", declarou.
Sobre o conflito ucraniano, alegou que "o futuro da Europa está sendo escrito no front de batalha na Ucrânia", enquanto agradeceu fabricantes da indústria de defesa por escalarem a produção de armamentos. A líder ainda acusou a Rússia de buscar "testar nossos compromissos de defesa mútua nos próximos cinco anos", embora o lado russo não tenha feito nenhuma ameaça a países do bloco.
"Pagar de uma forma GRANDE"
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, elogiou o presidente dos EUA, Donald Trump, por insistir no aumento do gasto em defesa para 5% do PIB dos Países-membros da Aliança militar.
Na mensagem, divulgada por Trump em suas redes sociais e confirmada pela OTAN, Rutte afirma que o republicano "irá conquistar algo que NENHUM presidente Americano em décadas conseguiu realizar".
O funcionário também detalhou que os países acordaram em aumentar seus gastos em defesa, decisão reportada no último domingo (22). "A Europa vai pagar de uma forma GRANDE, como deveria, e isso será sua vitória", afirmou.
Posição russa
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, criticou nesta terça-feira (24) a OTAN por fortalecer sua retórica belicista, afirmando que a aliança militar segue um caminho de "militarização desenfreada".
No mesmo dia, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, argumentou que a União Europeia está se tornando uma extensão da aliança militar. Para o funcionário de alto escalão, Bruxelas estaria promovendo uma "transformação radical" frente a ideia inicial de ser um bloco econômico que buscava promover uma vida melhor aos seus residentes.
Lavrov alertou para um acordo assinado entre a UE e a OTAN, sobre o qual os países-membros do bloco europeu. O tratado permitiria que, mesmo as nações que não compõem a aliança militar, seriam obrigados a permitirem que tropas e equipamentos militares fossem transportados pelos seus territórios, em caso de mobilização no front oriental. Para o chanceler, tal acordo significa que os países europeus estão "diretamente envolvidos em preparações para a guerra" contra a Rússia.