Em reunião de emergência, CSONU discute ataques ao Irã; Rússia apresenta cessar-fogo

Representante da Rússia afirmou que EUA violaram o direito internacional para proteger Israel.

Neste domingo (22), o Conselho de Segurança da ONU realiza uma reunião de emergência, convocada por ocasião dos ataques americanos contra o Irã.

Na ocasião, Vasily Nebenzia, representante da Rússia no Conselho, afirmou que Washington ignorou tanto a posição da comunidade internacional quanto a disposição de seu país em mediar um possível acordo entre Irã e Israel.

Não obstante, a Rússia apresentou o esboço de um cessar-fogo, elaborado em conjunto com China e Paquistão, visando dar um fim às hostilidades. 

"Ninguém sabe a que novas consequências isso pode levar"

Durante seu discurso, Nebenzia afirmou que mais uma vez Washington demonstrou "seu total desprezo pela posição da comunidade internacional e confirmou que, em prol dos interesses de seu aliado israelense", está disposto não apenas a fechar os olhos para o assassinato de mulheres, crianças e idosos palestinos, como também a "colocar em risco a segurança e o bem-estar de toda a humanidade".

"Com suas ações, os EUA abriram a caixa de Pandora. E ninguém sabe a que novas consequências isso pode levar", afirmou.

O político também enfatizou que, com essa ofensiva, o país norte-americano confirma que "para preservar sua hegemonia no mundo, está disposto a cometer qualquer crime e a violar o direito internacional", acrescentando que "ninguém autorizou" Washington a realizar tais ações.

Além disso, Nebenzia indicou que, apesar da proposta da Rússia de mediar um possível acordo entre Irã e Israel, o governo norte-americano decidiu ignorá-la, assim como ignorou a posição de toda a comunidade internacional ao apoiar o esforço bélico de Tel Aviv.

"Mais uma vez, nossos colegas norte-americanos ignoraram a posição de toda a comunidade internacional e seguiram o exemplo de Israel em vez de colocá-lo em seu devido lugar e obrigá-lo a interromper a espiral de escalada. Hoje voltaremos a ouvir as declarações cínicas dos representantes dos EUA sobre sua disposição para retomar as negociações, como se nunca tivesse ocorrido uma série de ataques noturnos com munições pesadas contra o Irã", denunciou.

Paralelamente, o representante russo comparou o recente ataque norte-americano à invasão do Iraque em 2003, que foi justificada pela suposta posse de armas de destruição em massa. "A situação atual não difere da de 2003, pois tentam nos fazer acreditar novamente em contos de fadas para levar sofrimento a milhões de pessoas que vivem no Oriente Médio", afirmou.

Nebenzia também lamentou que alguns dos presentes "não tenham encontrado, nem encontrem, coragem para chamar as coisas pelo nome e condenar as ações de Washington".

"É estranho para nós participar deste teatro do absurdo e do cinismo", destacou, acrescentando que se trata de ataques não provocados.

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