Segundo New York Times, instalação nuclear do Irã sofreu danos severos, mas não foi destruída

Após ataque dos Estados Unidos, presidente Trump declarou que centro de enriquecimento em Fordo teria sido "completamente obliterado"; Avaliações militares apontam cenário diferente.

O ataque aéreo realizado pelos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas na madrugada de domingo (22) resultou em danos severos ao complexo de Fordo, segundo avaliação inicial de autoridades militares israelenses e norte-americanas.

Contudo, as análises apontam que o local, considerado um dos mais fortificados do programa nuclear iraniano, não foi totalmente destruído, afirma o jornal norte-americano The New York Times.

Durante pronunciamento no domingo (22), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou a operação como um "sucesso" e afirmou que os centros de enriquecimento nuclear do Irã haviam sido "completamente e totalmente obliterados".

Entretanto, análises preliminares das forças armadas dos Estados Unidos e de Israel contrastam com a declaração do presidente.

Duas autoridades israelenses informaram ao New York Times que imagens de satélite e registros de inteligência apontam que a instalação em Fordo sofreu danos significativos, mas não foi eliminada. Elas também relataram que o regime de Teerã aparentemente transferiu equipamentos e material, incluindo urânio, antes do ataque.

Uma autoridade norte-americana declarou ao jornal que, embora a estrutura subterrânea não tenha sido destruída, foi "severamente danificada" e retirada "do campo de operação". Ainda segundo a fonte, nem mesmo 12 bombas perfuradoras de bunkers seriam capazes de eliminar completamente o complexo de Fordo.

Durante o ataque, os Estados Unidos empregaram cinco ou seis bombas GBU-57: a maior arma não nuclear do arsenal norte-americano, segundo o jornalista Sean Hannity, da Fox News, que afirma ter conversado diretamente com Trump.

''Originalmente, especulava-se que precisariam-se de apenas duas [bombas]. Acontece que eles usaram de cinco a seis, lançadas a partir de [caças] stealth B-2'', declarou o jornalista.

Em coletiva realizada na manhã de domingo (22), o novo chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, general Dan Caine, afirmou que os três alvos sofreram "danos severos e destruição", mas ressaltou que ainda é cedo para determinar se o regime de Teerã mantém capacidade nuclear ativa.

O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, declarou que o país está "calculando os danos" decorrentes do ataque. Informações preliminares de Teerã, no entanto, sinalizam que ele não produziu danos irreversíveis.

A avaliação israelense se baseia em imagens de satélite obtidas antes e depois do bombardeio, além de registros fotográficos aéreos e inteligência própria. As imagens mais recentes, divulgadas pela empresa Planet Labs, indicam alterações no solo e marcas de impacto das bombas no entorno do complexo.

Análise do Open Source Centre, sediado em Londres, sugeriu que o regime iraniano pode ter antecipado os ataques e se preparado, conforme indicam imagens da Maxar Technologies que mostram 16 caminhões posicionados próximos a uma das entradas da instalação.

"Com o tipo e a quantidade de munição empregada, o programa nuclear iraniano provavelmente será retardado de dois a cinco anos", afirmou Mick Mulroy, ex-funcionário do Pentágono no primeiro governo Trump e ex-agente da CIA. Ele acrescentou que uma avaliação completa dos danos será realizada nos próximos dias.