Campina das Missões, município no interior do estado do Rio Grande do Sul, se tornou nesta semana símbolo de um esforço internacional pela preservação histórica.
Reconhecida oficialmente como a "colônia mãe" da cultura russa no estado do Rio Grande do Sul, entre os dias 16 e 19 de junho, Campina das Missões oficializou acordos de irmandade com duas regiões da Rússia: a cidade de Irkutsk, na Sibéria, e o município de Voskresensky, na Região de Nizhny Novgorod.
Na segunda-feira (16), às 11h, foi formalizado o acordo com Irkutsk, em cerimônia que contou com a presença do prefeito russo, Ruslan Bolotov, e diversas autoridades locais, incluindo o Metropolita Maximiliano e o Padre Inocêncio, que já atuou em Campina das Missões.
A delegação brasileira teve a presença do deputado estadual Aloísio Classmann, da secretária municipal Solange Knebel e do cônsul honorário Jacinto Zabolotsky. O evento foi seguido por uma confraternização com apresentações folclóricas da Sibéria, condecorações e troca de presentes.
Três dias depois, na quinta-feira (19), ocorreu a assinatura do segundo acordo, com o distrito de Voskresensky. A cerimônia foi realizada no Kremlin de Nizhny Novgorod, com a participação do chefe do governo local, Alexander Zapevalov, e da ministra Olga Guseva, responsável pelas relações internacionais da região.
"Esse acordo é um passo importante para o desenvolvimento das relações comerciais, econômicas e humanitárias. Campina das Missões é agora o segundo município brasileiro a firmar esse tipo de laço conosco, o que demonstra o potencial dessa parceria", afirmou Guseva, segundo o portal oficial da Região de Nizhny Novgorod.
Durante a missão, a comitiva de Campina das Missões também participou da inauguração de uma exposição fotográfica sobre a cidade em um museu de Irkutsk. Além das solenidades, foram realizadas reuniões com grupos empresariais russos interessados em possíveis investimentos no município brasileiro.
A logomarca oficial da cidade traz, entre os elementos centrais, a cúpula bulbosa típica da arquitetura ortodoxa russa, simbolizando o legado cultural deixado pelos imigrantes que fundaram a região.
Mais do que iniciativas protocolares, os acordos firmados representam um movimento simbólico de reparação histórica. Durante o regime militar, expressões culturais ligadas à imigração russa, como a fé ortodoxa e o uso da língua eslava, foram reprimidas no Brasil.