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O que Macron está buscando com sua visita de três dias ao Brasil?

A agenda bilateral se concentra em questões ambientais, defesa, segurança e reforma de organizações multilaterais.
O que Macron está buscando com sua visita de três dias ao Brasil?AP / Eraldo Peres

O presidente francês, Emmanuel Macron, chegou a Belém na terça-feira para uma reunião com seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. A reunião é parte da agenda de uma visita oficial de três dias do líder francês ao Brasil. 

A visita de Macron ocorre em meio às suas declarações polêmicas sobre o possível envio de tropas à Ucrânia, duramente criticadas por Moscou. No final de fevereiro, o presidente francês argumentou que esse cenário de conflito não deveria ser descartado. O Kremlin alertou que, se o Ocidente enviar suas forças militares para a Ucrânia, um conflito direto entre a Rússia e a OTAN não poderá ser evitado.

De acordo com a Agência Brasil, nessa reunião, que coincide com a primeira visita do presidente francês à América Latina, Lula e Macron discutirão questões ambientais, de segurança e defesa, além da reforma de organismos multilaterais.

"Uma visita de três dias para um chefe de Estado não é usual. Isso é um indicativo da importância da relação entre Brasil e França, do intercâmbio e do interesse profundo em diversas áreas", declarou Maria Luisa Escorel, secretária do Ministério das Relações Exteriores para a Europa e América do Norte, a repórteres na semana passada.

Em Belém, os mandatários embarcaram em um navio da Marinha até a Ilha do Combu para visitar uma fábrica de chocolate artesanal administrada por uma mulher, onde Macron entregou a Legião de Honra, máxima condecoração da França, ao líder indígena Raoni, por sua luta pela preservação da floresta amazônica. Os mandatários se reuniram em particular com outros líderes indígenas, segundo o G1.

Nesse contexto, os dois lançaram um plano para arrecadar 1 bilhão de dólares para financiar projetos economicamente sustentáveis na região amazônica da Guiana Francesa, um território ultramarino administrado por Paris que concentra cerca de 1,4% de toda a Amazônia.

Ressalta-se ainda que a visita a Belém ocorre no contexto dos preparativos da cidade para sediar a próxima Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, a COP 30, que ocorrerá em 2025 e para a qual a França quer ser "um parceiro de referência", segundo declarações do Eliseu citadas pelas mídias brasileiras.

Uma agenda completa

Após essas reuniões, a agenda oficial comunicada às mídias indica que se dirigirão à cidade do Rio de Janeiro para passar a noite e, em seguida, partirão de helicóptero do Forte de Copacabana, onde inaugurarão o terceiro dos cinco submarinos que os dois Governos concordaram construir em conjunto, discutirão os termos dessa associação na área militar e explorarão a possibilidade de produzir helicópteros nucleares para uso civil e militar.

Ao término da programação no Rio, Lula retornará a Brasília e Macron seguirá para São Paulo para participar do Fórum Econômico Brasil-França, que contará com a presença de cerca de 50 empresários locais. O fluxo comercial entre os dois países em 2023 foi de cerca de 8,4 bilhões de dólares, com um saldo favorável às exportações francesas, que chegaram a 5,5 bilhões de dólares e incluíram motores, máquinas, aviões e diversos produtos de manufatura.

Ao final da quarta-feira, o chefe de Estado francês participará de um jantar com personalidades da cultura brasileira, embora também esteja prevista uma reunião com representantes da comunidade francesa no Brasil e a inauguração de um laboratório na Universidade de São Paulo.

Após suas atividades em São Paulo, Macron retornará a Brasília para se encontrar com Lula no Palácio do Planalto.