
Brasil perde chance de alavancar exportações de soja para a China

O Brasil deixou escapar uma oportunidade estratégica para fortalecer sua posição como principal fornecedor de soja à China. Mesmo com o aumento da demanda chinesa pelo grão brasileiro em maio, em meio a tensões comerciais globais, os embarques vêm sofrendo retração devido a problemas logísticos, atrasos na colheita e lentidão no desembaraço alfandegário.
As importações chinesas de soja brasileira despencaram para o menor nível em 10 anos em abril, registrando queda de 22,2% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O recuo surpreende diante do movimento crescente de aproximação da China, que desde o ano passado sinalizou a intenção de priorizar o Brasil como seu principal fornecedor.

Entre os principais entraves estão atrasos no transporte e na liberação aduaneira. Conforme a União dos Produtores de Bioenergia (UDOP), o fluxo comercial foi interrompido por "atrasos prolongados no desembaraço aduaneiro e atrasos nos embarques brasileiros causados por desacelerações na colheita e problemas de logística".
Esses fatores comprometeram a regularidade das entregas em um momento de alta demanda do mercado chinês.
O impacto se reflete diretamente na balança comercial brasileira. Segundo artigo publicado pelo jornal O Globo, a redução do superávit foi puxada pela queda nas exportações para a China, com a soja como principal responsável.
A publicação destaca que o resultado não está relacionado a medidas tarifárias, mas sim a dificuldades internas de operação e escoamento.
Queda do superávit brasileiro
Segundo informações do jornal O Globo, o superávit acumulado pela balança comercial brasileira nos cinco primeiros meses de 2025 caiu para R$ 24,4 bilhões, valor R$ 10,8 bilhões menor do que o registrado no mesmo período do ano anterior, que atingiu R$ 35,2 bilhões.
Esse recuo significativo reflete sobretudo a redução do saldo comercial com a China, que passou de US$ 18,6 bilhões entre janeiro e maio de 2024 para US$ 8,3 bilhões em igual período de 2025.
Além disso, o déficit comercial brasileiro com os Estados Unidos aumentou consideravelmente, passando de US$ 226 milhões em 2024 para US$ 1,04 bilhão em 2025, contribuindo para o desempenho negativo da balança.

