Zakharova a RT: 'Vários países do mundo possuem armas nucleares, Israel bombardeará todos eles?'

Em entrevista a RT nesta quarta-feira (18), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, questionou se Tel Aviv agora atacará todos os países com arsenais nucleares.
"O problema é que vários países do mundo já possuem armas nucleares, mas não reconhecem isso oficialmente. Então, estou me perguntando: será que Israel vai bombardeá-los também?" - perguntou Zakharova.
A porta-voz continuou argumentando que existem países que reconhecem possuir armas nucleares: "Há cinco países, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU: Rússia, China, Estados Unidos, Reino Unido e França. Esses países possuem legalmente armas nucleares. Entretanto, há outros países que possuem armas nucleares, mas não falam nada sobre isso. No entanto, o mundo inteiro sabe que eles têm armas nucleares. Isso é desculpa?" - repetiu.
"[Esses países] não apenas estão prestes a obter armas nucleares. Eles já as têm. Eles já possuem armas nucleares, assim como é dito que Israel possui armas nucleares. Isso é motivo para começar a bombardeá-los?", reiterou Zakharova.
Nesse sentido, ela sugeriu fazer uma pergunta "simples" a Tel Aviv: "O que o Irã fez de mal?"
Zakharova também enfatizou que existem instituições internacionais para lidar com tais questões. "Existe a AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica]. Existem muitos órgãos internacionais, órgãos de controle, regras e documentos que regulam essas questões. Não se trata de alguém tentando resolver o problema sozinho. Trata-se de uma legislação internacional. Mas a legislação deve estar respaldada em fatos concretos. A AIEA já declarou que não existe um único fato que comprove que o Irã violou qualquer tratado, convenção ou regulamento", destacou.
"Ouvimos várias vezes Israel afirmar que tem provas de que o Irã está a um passo de obter armas de destruição em massa. Por que eles não podem simplesmente mostrar os documentos a alguém?" - questionou a porta-voz.
Desde as primeiras horas do dia 13 de junho, quando Israel lançou um ataque não provocado contra o Irã, as duas nações têm trocado bombardeios. Rússia, China e vários outros países em todo o mundo condenaram veementemente a ofensiva israelense como uma grave violação da lei internacional e da Carta da ONU.
O presidente russo Vladimir Putin condenou os ataques israelenses em conversa com seu homólogo norte-americano, Donald Trump, e expressou preocupação com uma possível escalada do conflito, que "teria consequências imprevisíveis para toda a situação na região do Oriente Médio". Da mesma forma, o representante permanente da Rússia na ONU, Vasili Nebenzia, alertou que as ações de Israel estão empurrando a região para uma "catástrofe nuclear em grande escala".
Além disso, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou em comunicado que os ataques de Israel às instalações nucleares pacíficas do Irã são ilegais e estão empurrando o mundo para uma catástrofe nuclear.
Na América Latina, várias nações, incluindo Brasil, Venezuela, Cuba e Nicarágua, expressaram repúdio às ações de Tel Aviv. Países do mundo islâmico, como Turquia, Arábia Saudita, Egito e Paquistão reagiram de forma semelhante.
COMO AS NEGOCIAÇÕES SOBRE O PROGRAMA NUCLEAR DO IRÃ LEVARAM À OFENSIVA ISRAELENSE? ENTENDA EM NOSSO ARTIGO.
