Zakharova à RT: 'Israel bombardeia o Irã e o Ocidente esquece os direitos humanos instantaneamente'

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou à RT nesta quarta-feira (28) que os países ocidentais "parecem se esquecer dos direitos humanos e dos direitos das crianças instantaneamente" quando se trata da agressão de Israel contra o Irã.

Zakharova a RT: 'Vários países do mundo possuem armas nucleares, Israel bombardeará todos eles?'

"Israel está bombardeando o Irã, e o mundo ocidental continua dizendo que Israel, na opinião deles, tem o direito de fazer isso", criticou.

Zakharova enfatizou que a comunidade ocidental também "parece ter se esquecido dos jornalistas, que deveriam ser protegidos. [...] Eles fingem não ver os bombardeios contra emissoras de televisão. Não veem os bombardeios contra instalações nucleares", declarou.

"O que o Irã fez de errado?"

Comentando sobre a mais recente escalada no Oriente Médio, que começou após o ataque não provocado do Irã na madrugada de 13 de junho, Zakharova questionou: "O que o Irã fez de errado? Por que eles estão bombardeando o país?", enfatizando que deve haver uma resposta muito específica para essa pergunta.

Líder supremo do Irã promete mais punição pelos ataques de Israel

"Porque quando você estaciona ilegalmente em Manhattan, por exemplo, um policial aparece, aplica uma multa, tira fotos e, quando você comparece ao tribunal, eles mostram o que você fez, o que você fez de errado, e você pode recorrer. Neste momento, o Irã é bombardeado diariamente. Então, por que bombardeiam?"

A porta-voz enfatizou que, no Irã, "há especialistas lá hospedados que afirmam não terem visto nenhuma violação", em aparente referência às declarações do diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, que recentemente reiterou não haver evidências de que a República Islâmica tenha se envolvido no desenvolvimento de armas nucleares.

Zakharova também explicou que "Israel diz que não gosta do regime no Irã, do regime político", mas havia outros regimes no Irã dos quais eles "também não gostavam".

"Mas o mais importante é que, se estamos falando de países civilizados, democracia e relações internacionais, quer você goste de um regime ou não, se ele não o ataca e se não faz ou diz nada que, da perspectiva do direito internacional, represente uma ameaça direta às pessoas ou a um Estado, você não tem o direito de mudar esse regime", argumentou.

"Você não tem o direito de dizer que, porque não lhe agrada, ele [o regime] deve ser destruído", insistiu a porta-voz.

• Hoje, em São Petersburgo, na Rússia, começa um dos maiores eventos de negócios do mundo. O Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo consagrou-se como um encontro de relevância global onde são discutidas as questões econômicas atuais da Rússia, dos mercados emergentes e do cenário internacional, com a adoção de decisões práticas e o lançamento de grandes projetos inovadores.

• Desde as primeiras horas do dia 13 de junho, quando Israel lançou um ataque não provocado contra o Irã, as duas nações têm trocado bombardeios. Rússia, China e vários outros países em todo o mundo condenaram veementemente a ofensiva israelense como uma grave violação da lei internacional e da Carta da ONU.

• O presidente russo Vladimir Putin condenou os ataques israelenses em conversa com seu homólogo norte-americano, Donald Trump, e expressou preocupação com uma possível escalada do conflito, que "teria consequências imprevisíveis para toda a situação na região do Oriente Médio".

• Na América Latina, várias nações, incluindo Brasil, Venezuela, Cuba e Nicarágua, expressaram repúdio às ações de Tel Aviv. Países do mundo islâmico, como Turquia, Arábia Saudita, Egito e Paquistão reagiram de forma semelhante.

Como Irã e Israel passaram da diplomacia ao confronto militar? Entenda em nosso artigo.