O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (17), na Sessão Ampliada da Cúpula do G7, no Canadá, que os altos investimentos em armamentos globais comprometem a busca por paz e justiça social.
"Gastos militares consomem anualmente o equivalente ao PIB da Itália. São US$ 2,7 trilhões que poderiam ser investidos no combate à fome e na transição justa", declarou.
O presidente também mencionou a necessidade de encontrar uma solução diplomática para os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Quanto às ações de Israel no enclave palestino, afirmou: "Nada justifica a matança indiscriminada de milhares de mulheres e crianças".
Durante seu discurso, Lula mencionou também o agravamento da situação no Haiti, apontando a falta de liderança internacional como agravante da crise global.
O presidente alertou que "se a rivalidade prevalecer sobre a cooperação, não existirá segurança energética". Ele defendeu o protagonismo da ONU na mediação de conflitos e afirmou que o diálogo é o único caminho possível para a resolução das guerras atuais.
"Só o diálogo entre as partes pode conduzir a um cessar-fogo e pavimentar o caminho para uma paz duradoura", disse.
Corrida predatória por minerais
No campo da geopolítica, Lula ressaltou que o Brasil não aceitará ser palco de uma nova corrida predatória por minerais estratégicos.
"Durante séculos, a exploração mineral gerou riqueza para poucos e deixou rastros de destruição e miséria para muitos. Ela não deve ameaçar biomas como a Amazônia e os fundos marinhos".
Segundo ele, os países em desenvolvimento devem ter acesso a todas as etapas da cadeia produtiva dos chamados minerais críticos.
O presidente também destacou que o Brasil é referência mundial em energia limpa,com 90% de sua matriz elétrica proveniente de fontes renováveis, além de ser pioneiro no uso de biocombustíveis, motores flex e no desenvolvimento de combustíveis sustentáveis para aviação.
Não deveria nem existir
Apesar da presença na cúpula, Lula já havia minimizado a importância do grupo. A jornalistas, afirmou que o G7 "não deveria nem existir", e que o G20 é mais representativo em termos econômicos e populacionais. "O G20 tem mais importância, mais densidade humana, mais densidade econômica", disse.
Sobre sua ida ao evento, comentou que aceitou o convite "só pra não dizerem que eu recuso a festa dos ricos". A declaração foi dada horas antes de Lula ser chamado a atenção por outros líderes durante a tradicional foto oficial, ao puxar conversa fora de hora.