
Argentina: Cristina Kirchner começa a cumprir pena por corrupção em prisão domiciliar

A ex-presidente da Argentina Cristina Fernández de Kirchner iniciou nesta terça-feira (17) o cumprimento de sua pena de seis anos de prisão por corrupção. A decisão, que também a torna inelegível de forma permanente, foi confirmada pela Corte Suprema na semana passada.
Kirchner, de 72 anos, foi autorizada a cumprir a sentença em regime domiciliar, em sua residência na capital Buenos Aires. A medida considera sua idade e fatores de segurança, como a tentativa de atentado sofrida em 2022. Apesar da oposição do Ministério Público, o tribunal aceitou o pedido de prisão domiciliar apresentado por sua defesa.

A condenação decorre do chamado Caso Vialidad, na qual ela foi responsabilizada por favorecer o empresário Lázaro Báez em contratos de obras públicas entre 2003 e 2015. A ex-presidente foi considerada culpada por um esquema de corrupção envolvendo 51 licitações de obras rodoviárias no sul argentino durante os governos da peronista.
É a primeira vez na história da Argentina que uma ex-presidente começa a cumprir pena de prisão da qual não pode mais recorrer. Cristina terá que usar tornozeleira eletrônica durante o cumprimento da sentença.
O ex-presidente Carlos Menem foi preso em junho de 2001 por tráfico de armas, mas cumpriu apenas seis meses de prisão domiciliar. Ao contrário de Cristina, a condenação de Menem não foi mantida pela Suprema Corte, permitindo que ele continuasse concorrendo a cargos legislativos até sua morte, em 2021, aos 91 anos.
Manifestação agendada
O advogado argentino Juan Grabois, fundador do Movimento dos Trabalhadores Excluídos (MTE) e da União dos Trabalhadores da Economia Popular (UTEP), está organizando uma passeata para amanhã (18), às 10 horas (horário local), contra a prisão domiciliar decretada para a ex-presidente Cristina Kirchner.
A manifestação também é dirigida contra o atual governo de Javier Milei, que Grabois chama de "ilegítimo".
"A ação de solidariedade a Cristina e em defesa dos direitos humanos políticos, econômicos, sociais e culturais dos argentinos não será suspensa por nenhum motivo, independentemente do que digam a mídia, o judiciário, a polícia, os bombeiros ou os líderes", disse o ativista. "Cristina ou quem quiserem, que se recusam a viver sob um regime ilegítimo de Milei, da oligarquia e dos filhos da p**** supremos ***", finalizou em sua rede X.

