
'Uma das cúpulas mais fracassadas': por que o G7 foi um fiasco?

A reunião do G7 no Canadá é um fracasso, declarou o cientista político e jornalista russo Georgy Bovt em artigo publicado nesta terça-feira (17) no portal BFM.RU.
"Essa é uma das cúpulas mais malsucedidas dos 'sete' na última década", disse Bovt, acrescentando que não se trata mais de um clube de interesses comuns, mas de uma série de negociações bilaterais.

Ele mencionou que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, argumentou que o presidente dos EUA, Donald Trump, "está certo" sobre a questão da China, especialmente em relação às restrições à exportação de terras raras. "Isso é provavelmente tudo o que a Europa e Trump concordam hoje; aparentemente, eles não concordaram com as sanções contra a Rússia", observou.
Além disso, lembrou que a UE expressou anteriormente sua intenção de seguir seu próprio caminho junto com o Reino Unido, em particular para reduzir o limite de preço do petróleo russo de US$ 60 para US$ 45 por barril. "Dentro da UE, a oposição já está ganhando força, com a Hungria e a Eslováquia declarando que não querem aderir às sanções energéticas e ameaçando bloquear a negação dos recursos energéticos russos", continuou o especialista.
"Parece que os 'sete' não conseguiram unanimidade sobre a questão russa e, em geral, ela foi completamente deixada de fora do centro da discussão", comentou Bovt, ressaltando que, na reunião, Trump anunciou que a exclusão da Rússia do Grupo dos Oito (G8) em 2014 foi "um erro". Essa frase "tornou-se o centro da discussão sobre a questão russa, e todo o resto foi ofuscado por essa frase", enfatizou.
O jornalista também afirmou que o líder do regime ucraniano, Vladimir Zelensky, que também está presente na cúpula, "continua a buscar o apoio dos EUA".
"É claro que ele encontrará apoio dos outros membros do G7, mas não será suficiente", disse.
"O mais importante é que a UE não está oferecendo nenhuma solução para a crise ucraniana que não seja a imposição de novas sanções contra a Rússia, que, no entanto, já estão encontrando alguma resistência dentro da própria UE. A propósito, Trump também falou sobre sanções. Ele disse que nós, ou seja, o Ocidente, estamos perdendo bilhões de dólares por causa das sanções contra a Rússia. Acho que é improvável que seus interlocutores no G7 gostem disso", detalhou o analista.
"Israel pode não vencer"
Além disso, Bovt considerou provável que o presidente dos EUA decida se envolver no conflito entre Tel Aviv e Teerã. "Talvez vejamos a intervenção e o envolvimento dos EUA em ataques contra o Irã porque, em geral, está surgindo a perspectiva de que, em uma guerra de desgaste, Israel pode não vencer ou até mesmo perder completamente. O Irã não tem mais recursos, mas tem mais paciência e disposição para suportar danos do que Israel", disse ele.
Enquanto isso, o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, descreveu o formato do G7 como "inútil".
"Concordamos com o presidente Trump. Foi um erro grave excluir a Rússia do G8. Mas nossa posição é bem conhecida: o G7 perdeu sua relevância prática para nós. Dada a participação em declínio dos países do G7 na economia mundial e as tendências que vemos neles, no contexto, por exemplo, de formatos como o G20, o G7 parece muito fraco e bastante inútil", afirmou.
Por sua vez, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, abordou o assunto em suas redes sociais.
"O principal resultado da reunião do G7 foi a constatação do dano multibilionário causado pelas sanções antirrussas: um tiro autoinfligido foi registrado", disse ela.

