Últimos ativistas da flotilha rumo a Gaza são libertados após dias em prisão israelense

Militantes foram presos após embarcação ser interceptada em águas internacionais pela Marinha de Israel.

"Esse inferno acabou, então estou realmente feliz", afirmou Mark van Rennes, voluntário holandês de 26 anos, ainda do lado israelense da fronteira com a Jordânia, logo após ser libertado.

Ele, o marinheiro francês Pascal Maurieras e o jornalista francês Yanis Mhamdi foram os últimos tripulantes da flotilha Madleen a serem soltos, nesta segunda-feira (16), encerrando uma série de prisões que durou dias e mobilizou ativistas pelo mundo.

A libertação dos três ativistas marca o fim de um ciclo de detenções iniciadas após a interceptação da embarcação pela Marinha israelense, em águas internacionais, durante missão humanitária da Freedom Flotilla Coalition (FFC) com destino à Faixa de Gaza.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, o ativista brasileiro Thiago Ávila celebrou a libertação dos últimos presos. "Vocês não fazem ideia do quanto essa notícia aquece meu coração. Mark, Pascal e Yanis estão livres e vão para casa hoje".

Com a voz embargada, Mark van Rennes apareceu em vídeo pouco após ser solto, ainda do lado israelense da fronteira com a Jordânia. "Estamos muito, muito, muito felizes por estarmos livres. Bem, quase livres. Ainda estamos do lado israelense da fronteira com a Jordânia, mas parece que tudo vai ficar bem", disse o holandês de 26 anos.

Ele completou com alívio: "Esse inferno acabou, então estou realmente feliz. Definitivamente, muito obrigado por tudo". 

A missão, que tinha como objetivo romper simbolicamente o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza e entregar ajuda humanitária, reuniu ativistas de diferentes países.

Ao todo, 12 pessoas integravam a missão a bordo da flotilha Madleen, organizada pela Freedom Flotilla Coalition. São eles: 

A missão não violenta tinha como objetivo denunciar as condições vividas pelos palestinos em Gaza, agravadas após a recente ofensiva militar israelense contra o enclave. Nesse contexto, foram reportados ataques a hospitaisescolas, e outras instalações civis, além da instituição de um bloqueio à ajuda humanitária que afeta mais de dois milhões de pessoas, destacadamente mulheres e crianças.

Quatro ativistas foram libertados no dia 10, outros cinco no dia 12 e os últimos três ficaram detidos oito dias e foram liberados na manhã desta segunda, dia 16

As prisões, contudo, foram marcadas por denúncias graves. Em entrevista exclusiva à RT Brasil, Thiago relatou violações que incluem isolamento em cela solitária, más condições sanitárias e restrição de contato com a embaixada e advogados.

"Estar detido em uma prisão colonial em Israel foi um processo de muitas violações", afirmou em entrevista à RT Brasil. "Esse sistema faz parte de um 'Estado colonial de Apartheid' que segrega os palestinos com base em etnia e nacionalidade."

De acordo com o relato, o ativista se recusou a assinar documentos que o forçariam a confessar culpa, chegou a fazer greve de fome e passou dois dias em uma cela infestada de baratas e ratos, sem acesso à luz natural. A família de Thiago só teve a confirmação do embarque de volta ao Brasil horas após a decolagem do voo.

"Foi bastante ansiogênico [gerou muita ansiedade]", disse sua esposa, Lara de Souza, à RT Brasil. "A embaixada foi proibida de vê-lo pessoalmente e a advogada também. Até o horário do voo, não tínhamos certeza se ele tinha embarcado."

Apesar de frustrado por não ter conseguido chegar a Gaza, Ávila reforçou que a missão plantou sementes. "É muito importante celebrarmos que nossos irmãos estão finalmente livres da entidade sionista, livres de todas as violações que representam essa prisão ilegal, essa interceptação ilegal de uma missão humanitária", declarou em vídeo.

"Continuamos marchando rumo à libertação da Palestina e do mundo inteiro", finalizou. 

Thiago Ávila conclui seu vídeo com um apelo: "Sei que não conseguimos chegar lá, mas as sementes estão se espalhando por toda parte. Continuamos lutando juntos, unidos com todas as manifestações, com todos os boicotes, interrompendo as fábricas de armas, rompendo o bloqueio midiático, rompendo o boicote das big techs nas redes sociais. Continuem avançando rumo à libertação da Palestina e do mundo inteiro".