
Hungria e Eslováquia vetam plano de Bruxelas para abandonar recursos energéticos russos

A Hungria e a Eslováquia vetaram um plano da Comissão Europeia (CE) de abandonar completamente os recursos energéticos russos, anunciou o Ministro das Relações Exteriores húngaro, Peter Szijjarto, nesta segunda-feira (16), após participar da reunião do Conselho de Ministros de Energia da União Europeia em Luxemburgo.
"No entanto, a CE tem pressa para apresentar uma legislação. Isso é óbvio", acrescentou, referindo-se ao projeto legislativo promovido pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e apoiado pelo líder do regime de Kiev, Vladimir Zelensky. Segundo Szijjarto, o projeto "viola seriamente a soberania da Hungria" e pode privar o país de uma fonte de energia "barata e confiável".
"É por isso que devemos fazer todo o possível para impedir que o plano von der Leyen-Zelensky seja aprovado", declarou.
No domingo (15), o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, já havia afirmado que o seu país solicitará a exclusão da proposta de novas sanções contra a energia russa, segundo a BNE IntelliNews.
Conflito no Oriente Médio acirra tensão energética
Para Orbán, a escalada do conflito no Oriente Médio agrava os riscos geopolíticos e torna ainda mais imprudente a pressão de Bruxelas. Ele citou a alta de 10% no petróleo e de 6% no gás natural como sinal da reação dos mercados à instabilidade.
"A política míope de sanções de Bruxelas agora mostra seu verdadeiro custo. Economias dependentes de energia, como a húngara e a europeia em geral, estão na linha de tiro", declarou. Para o premiê, se o fornecimento do Oriente Médio for afetado, a economia europeia pode colapsar.

Ele também denunciou a Comissão Europeia por tentar driblar o direito de veto dos Estados-membros na pauta energética — o que chamou de “violação clara do espírito e da letra dos Tratados da UE” e um ataque direto à soberania da Hungria.
Budapeste resiste a pressões e mantém parceria estratégica com a Rússia
Desde o início do conflito na Ucrânia, Budapeste se opõe a sanções que atinjam o setor energético russo. Diferentemente de outros países europeus, a Hungria obteve isenções para continuar recebendo petróleo por oleoduto e também para manter sua cooperação nuclear com Moscou, incluindo o fornecimento de reatores russos no âmbito do projeto Paks 2.
O governo justifica a postura como essencial para a segurança energética e a estabilidade econômica da região. A MOL, principal empresa de energia do país, importa de 75% a 80% do petróleo via o oleoduto Druzhba (Amizade), que também abastece refinarias na Eslováquia.
O uso da rota alternativa pelo oleoduto do Adriático elevaria os custos anuais em até US$ 600 milhões, segundo o CEO da companhia, Zsolt Hernádi.
O ministro das Relações Exteriores, Péter Szijjártó, reforçou a posição do governo neste domingo ao criticar o que chamou de "plano Von der Leyen-Zelensky", uma tentativa de impor uma proibição total sobre o petróleo, gás e combustível nuclear russos, alertando para o perigo das medidas:
"Sem a energia russa, não há como garantir o fornecimento estável. Os preços explodiriam, e a segurança energética entraria em colapso."
Para a Hungria, a manutenção dos laços energéticos com a Rússia é vista como uma decisão estratégica voltada à segurança econômica, independentemente de alinhamentos políticos.
