O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nesta segunda-feira registrou oficialmente, junto ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), sua candidatura à presidência da República, com a qual espera obter um terceiro mandato nas eleições de 28 de julho.
De acordo com as normas vigentes, a candidatura foi apresentada pelo deputado Diosdado Cabello Rondón, primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), a maior das cerca de dez organizações que apóiam o presidente.
O presidente foi à sede do órgão eleitoral acompanhado por uma multidão de apoiadores de todas as regiões do país, que marcharam desde as primeiras horas da manhã pelas ruas do centro de Caracas.
Em seu discurso, Maduro agradeceu aos mais de cinco milhões de pessoas que apoiaram sua candidatura. "Só posso dizer com humildade que sou feito do mesmo barro abençoado de vocês, do povo, e que tem sido o povo, com sua persistência e perseverança, meu mestre intelectual, meu guia espiritual, meu apoio físico e moral (...)", declarou.
"Estou em posição de dizer uma coisa aos homens e mulheres comuns: amo infinitamente este país e aprendi quando criança a cultivar a felicidade e a lealdade aos meus entes queridos e a protegê-los, defendê-los e respeitá-los acima de minha própria vida, se necessário", acrescentou.
Em relação à sua proposta de candidatura, disse que, em 28 de julho, não será escolhido um nome, mas "o direito ao futuro, o direito de existir, o direito à vida, à independência e a ter uma pátria", enquanto o chavismo tem um projeto para o país, um plano que é o resultado de anos de experiência acumulada em um contexto difícil e de debate e consulta com o povo venezuelano, e ele se referiu a seus oponentes como "o antiprojeto", comprometido, segundo ele, com os interesses do imperialismo norte-americano.
Década de desafios
Maduro, 61 anos, concorrerá com quase uma dezena de aspirantes que também desejam ocupar o cargo mais alto do país caribenho, em um contexto politicamente polarizado, mas eleitoralmente fragmentado.
Durante quase onze anos no cargo, o chefe de Estado venezuelano teve de enfrentar dificuldades decorrentes de sanções econômicas e bloqueios financeiros, intensificados desde 2015, quando os EUA declararam a Venezuela "uma ameaça incomum e extraordinária" à sua segurança nacional.
Da mesma forma, Maduro enfrentou inúmeras tentativas de sedição, algumas das quais foram desmanteladas apenas em janeiro deste ano e nas quais Washington, que Caracas acusa de "tentar transformar terroristas em vítimas", está supostamente envolvido.
Em relação a essas questões, o presidente venezuelano admitiu no CNE que esta última década foi "a mais difícil" da história contemporânea do país, mas afirmou que se algo caracterizou esse período difícil foi a "resistência".
"Não foram apenas anos difíceis, foram anos de testes superados com tenacidade, com serenidade, com tranquilidade (...) 'Derrube' a oligarquia, 'derrube' os sobrenomes, uma e outra vez", acrescentou.