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Entidade palestina no Brasil exige suspensão das relações diplomáticas e econômicas com Israel

Durante audiência em Brasília, a Fepal apresentou dados atualizados sobre os impactos da ofensiva israelense em Gaza e solicitou o envio de uma comitiva para monitorar a crise humanitária na região.
Entidade palestina no Brasil exige suspensão das relações diplomáticas e econômicas com IsraelReprodução/FEPAL

A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) entregou na manhã desta quarta-feira (11), um ofício ao assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, solicitando que o governo brasileiro rompa as relações diplomáticas e econômicas com Israel. O encontro ocorreu em Brasília e reuniu também parlamentares de partidos como PT, PSOL e PCdoB.

Durante a audiência, a entidade apresentou um dossiê atualizado com números sobre o impacto dos 613 dias de ofensiva israelense na Faixa de Gaza. "É por isso que afirmamos: 'israel' promove contra o povo palestino o maior genocídio da história", declarou a Fepal no documento.

A iniciativa foi articulada por um grupo de deputados, com destaque para a deputada Natália Bonavides (PT-RN), que solicitou formalmente a audiência. O grupo já havia, em maio, redigido um documento pedindo a suspensão das relações comerciais com Israel, condicionado a um cessar-fogo e à autorização de ajuda humanitária.

A declaração foi enviada ao presidente Lula e aos ministros da Casa Civil, Rui Costa; Relações Exteriores, Mauro Vieira; e Defesa, José Mucio.

Questão humanitária

Outro ponto do documento pede o envio de uma comitiva de observadores brasileiros, técnicos e parlamentares, para acompanhar a situação humanitária e compor o esforço internacional que visa documentar indícios de genocídio para ações jurídicas em fóruns como a Corte Internacional de Justiça.

A entidade ainda solicitou tratamento legal especial para parentes próximos dos brasileiro-palestinos repatriados de Gaza, com o objetivo de permitir que essas famílias se reencontrem no Brasil.

"O ministro Amorim recebeu com atenção nossas demandas. Esperamos que o governo brasileiro, além de nos atender no pedido de rompimento com o regime genocida de 'israel', também encaminhe positivamente nossos outros pedidos, que têm intuito humanitário imediato", afirmou o presidente da entidade, Ualid Rabah.

"Maior genocídio de todos os tempos"

Ualid ainda ressaltou a importância de informar parlamentares, autoridades e a sociedade brasileira sobre o que classificou como "o maior genocídio de todos os tempos". Ele afirmou: "As pessoas não sabem que 'israel' extermina 9.997 crianças por milhão de habitantes em Gaza, o que é 3,55 vezes mais que todo o período nazista, por exemplo. Quando elas sabem disso, entendem o que é o Holocausto Palestino".

Entre os mortos, 22.197 são crianças, incluindo 4 mil desaparecidas, o que supera em 10 mil o total de mortes infantis em todas as guerras globais entre 2019 e 2022, segundo a ONG Save the Children. Além disso, 40 mil crianças ficaram órfãs, sendo 17 mil sem pai e mãe.

O relatório destaca ainda que 13.100 mulheres morreram, incluindo 1.000 grávidas, e que os abortos espontâneos aumentaram 300% devido ao colapso dos serviços de saúde.