Juventude e Energia: O futuro em construção nos BRICS

Alexander Kormishin, presidente da Agência de Energia Jovem do BRICS, destacou à RT o papel dos jovens na diplomacia energética do grupo de países, reforçando a importância da cooperação internacional e do protagonismo brasileiro no cenário global.

A presença de Alexander Kormishin, presidente da Agência de Energia Jovem do BRICS (BRICS YEA, na sigla em inglês), foi o ponto central de uma série de encontros realizados nesta semana no Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil. As reuniões, que contaram com a presença de jovens e importantes lideranças internacionais, tiveram como foco o debate sobre o futuro da geração e distribuição de energia.

Kormishin compartilhou com a RT suas visões sobre as perspectivas e o potencial do BRICS como protagonista global na transição energética. Suas palavras e propostas ecoam o conceito que autoridades de países do grupo já classificaram como "a verdadeira diplomacia do futuro" - baseada na cooperação regional, inovação e inclusão.

O que é a Agência de Energia Jovem do BRICS? 

Em um cenário global cada vez mais voltado à transição energética e à inovação tecnológica, a VII Cúpula de Energia Jovem do BRICS se consolidou como um marco estratégico para o diálogo entre jovens lideranças do setor energético dos países-membros do grupo. O encontro, que passa a refletir a ampliação do BRICS para dez nações, foi incorporado ao calendário oficial da presidência brasileira do grupo em 2025, com ênfase na cooperação energética multilateral.

Mais de uma centena de participantes marcaram presença, incluindo delegações juvenis do Brasil, Rússia, Índia, China, Egito, Indonésia e outras nações do Sul Global, além de representantes governamentais, universidades e gigantes do setor energético.

Entre os parceiros de destaque, a estatal russa Rosatom, reconhecida mundialmente por liderar o desenvolvimento de tecnologias nucleares de nova geração, reafirmou seu papel como promotora da educação e da inovação na indústria nuclear, apoiando mais uma vez a realização da cúpula. 

Durante a entrevista, Alexander Kormishin detalhou sobre o desenvolvimento de tal cooperação: "Nós trabalhamos juntos com diferentes entidades durante todo o tempo. De volta em 2019, quando havia a presidência do Brasil no BRICS, fomos mencionados novamente na declaração. Aqui, não muito longe deste lugar, o Ministério de Minas e Energia aprovou o fato de que a Agência de Energia Jovem do BRICS precisa contribuir significativamente para o grupo em geral. Então, em 2020, sob a presidência russa novamente, os chefes de Estado do BRICS apoiaram o BRICS YEA e a Cúpula de Energia do BRICS, e mandatou nossas autoridades. Então, eu posso dizer que, a partir de 2020, obtivemos todos os mandatos necessários dos ministérios de Energia, dos chefes de Estado, para atuar como uma instituição do BRICS para energia jovem".

Juventude e energia

Kormishin acredita que o envolvimento da juventude nos processos de tomada de decisão possui importância fundamental para o futuro da distribuição de energia, reconhecendo que muitas questões ainda são definidas por lideranças de maior idade. Apesar da alta experiência e expertise de tais administradores, não há como pensar a energia sem a inclusão dos jovens em tais movimentações. Afinal, serão eles os maiores afetados ou beneficiados por essas questões no médio e longo prazo.

"A energia impacta o futuro do mundo onde os jovens viverão. Então, é aqui que os jovens precisam estar envolvidos nos processos de tomada de decisão, eles precisam ter um lugar à mesa", sustentou o presidente da Agência de Energia Jovem do BRICS. 

Na prática, este processo é conduzido a partir da indicação de jovens com competência para cargos significantes em diferentes empresas e ministérios. Existe também espaço para reflexão e debate de opiniões, que incluem ativistas de energia: "uma vez que fazem parte dessas instituições, podem desempenhar um papel prático (…) Uma plataforma como esta, especialmente a Cúpula de Energia do BRICS, permite que eles encontrem as partes interessadas apropriadas", disse Alexander. 

BRICS e ONU

Kormishin também comentou sobre a integração dos BRICS com a Organização das Nações Unidas - considerada, por ele, como essencial para o desenvolvimento do grupo: "Os países do BRICS são membros das Nações Unidas. E, claro, é essencial usar esta plataforma globalmente, não apenas em Nova York, mas também em outras comissões regionais como plataformas do BRICS". 

Estes espaços também oferecem valiosas oportunidades de networking, contando com a presença de delegações de ministérios de energia e representantes de grandes corporações.

O presidente destacou como importantes espaços de discussão são promovidos dentro da agenda das Nações Unidas, como durante o Fórum da Juventude do Conselho Econômico e Social, realizado em Nova York. "O BRICS-YA está presente como parceiro da missão da ONU como apoiador da juventude", disse Alexander. "Está sendo construída uma 'hierarquia de energia' juvenil dentro da região da Ásia e do Pacífico", prosseguiu. Segundo ele, tal competência tem sido transferida para a comunidade do BRICS.

Importância do Brasil

Kormishin comentou sobre a importância do Brasil durante todo este processo, uma vez que o país possui uma "matriz energética limpa" em muitos aspectos. Segundo ele, essa posição permite que a nação ofereça combustíveis sustentáveis para o mundo:  "É sobre combustíveis sustentáveis. Isso é algo que o Brasil pode oferecer ao mundo. E os jovens deste país também estão começando a adquirir conhecimento neste setor. Então, se estamos falando sobre BRICS, os BRICS precisam trocar conhecimento. Eles têm que trocar experiências. Então, jovens de outros países podem vir ao Brasil e brasileiros podem ir para outros países do BRICS para compartilhar suas melhores ideias".