Presidente interino de Burkina Faso acusa imperialistas de tentar sabotar aliança do Sahel

O impulso para desestabilizar a aliança é alimentado pelo interesse de potências estrangeiras na vasta riqueza natural da região africana, destacou Ibrahim Traoré.

Em discurso em uma cerimônia cívica na segunda-feira (9), o presidente interino de Burkina Faso, capitão Ibrahim Traoré, acusou potências imperialistas de tentar destruir a Aliança dos Estados do Sahel (AES) — bloco formado por Burkina Faso, Mali e Níger — pressionando membros a "traírem uns aos outros", informou a Agência de Informação de Burkina Faso.

"Estamos lidando com isso há muito tempo. Toda vez, é uma manobra para convencer um estado a deixar a Confederação. E isso deveria nos fazer refletir", afirmou.

Traore alertou que os esforços do Ocidente para desestabilizar a região são motivados pelo desejo pela vasta e inexplorada riqueza natural do Sahel.

"Devemos estar plenamente conscientes disso e continuar lutando. Não devemos sentir pena de nós mesmos. Pelo contrário, isso deve nos fortalecer", apelou.

A Associação de Estados do Sahel (AES) foi formalmente estabelecida em setembro de 2023 por Burkina Faso, Mali e Níger como um pacto de defesa mútua e cooperação após expulsar as tropas francesas dos respectivos membros. Os três países, liderados por militares, retiraram-se do bloco da África Ocidental CEDEAO, denunciando-o como um instrumento da influência neocolonial francesa e uma ameaça à sua soberania.

A AES se posiciona como um contrapeso à influência ocidental na região do Sahel, particularmente à pegada pós-colonial da França. O grupo também suspendeu os laços militares com antigos parceiros europeus, voltando-se, em vez disso, para uma maior cooperação com a Rússia e outros aliados não ocidentais.