O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em depoimento prestado nesta terça-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF), que nunca teve intenção de promover um golpe de Estado e classificou qualquer tentativa nesse sentido como "abominável".
A oitiva faz parte das investigações que apuram os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas em Brasília.
"Só tenho uma coisa a afirmar a Vossa Excelência. Da minha parte, ou da parte dos comandantes militares, nunca se falou em golpe. Golpe é uma coisa abominável", declarou Bolsonaro. Ele destacou ainda que "o golpe até seria fácil de começar, o after day [dia seguinte] é que seria imprevisível e danoso para todo mundo. O Brasil não poderia passar por uma experiência dessas".
O presidente reforçou que "não foi sequer cogitada essa possibilidade de golpe" durante o período em que esteve à frente do governo.
Ao comentar os atos de vandalismo de 8 de janeiro, Bolsonaro negou que o episódio representasse uma tentativa de ruptura institucional. "Golpe? Eu fico até arrepiado quando se fala que o 8 de janeiro foi um golpe", disse. Ele alegou que as pessoas detidas eram "pobres coitados" e que os responsáveis pelos atos teriam deixado o local logo após a invasão.
"Que até foi levantado por alguns que me antecederam agora aqui, 100 ônibus chegaram na região do setor militar urbano na madrugada de domingo. E esse pessoal foi embora logo depois da baderna", explicou. Ainda segundo Bolsonaro, "aquilo não é golpe. Não foi encontrada uma arma de fogo junto àquelas pessoas".
O depoimento está sendo colhido como parte das investigações em andamento no STF, que apuram as circunstâncias e responsabilidades pelas ações registradas no início de 2023.