Durante o interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que as desconfianças em relação às urnas eletrônicas não são exclusivas dele. Como exemplo, citou declarações feitas em 2010 pelo então candidato ao governo do Maranhão, Flávio Dino, que, segundo Bolsonaro, também demonstrou ceticismo sobre o sistema eleitoral.
"O senhor Flávio Dino, em 2012 ou em 2010, quando perdeu a eleição para o governo do Maranhão, disse: 'Hoje eu tive a oportunidade de ser vítima de um processo que precisa ser aprimorado, ser melhor auditado, que é o sistema das urnas eletrônicas.' E depois: 'O senhor acredita que houve fraude? Houve várias modalidades'", disse Bolsonaro, ao relembrar as declarações de Flávio Dino, que à época manifestou desconfiança em relação ao sistema das urnas eletrônicas.
Bolsonaro também publicou um vídeo do ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi.
"Depois, curiosamente, uma outra inserção no local gratuito eleitoral, do senhor Carlos Lupi. Por que curiosamente? Foi ele que entrou com uma ação no TSE pela minha inelegibilidade. Por crítica às urnas eletrônicas. Ele não falou em fraude, mas numa dessas inserções, que até hoje está no Facebook dele, ele fala o seguinte: ' Sem a impressão do voto, não há possibilidade de recontagem. Sem recontagem, há fraude interna '", prosseguiu o ex-presidente.
"Pautas de fantasias"
Jair Bolsonaro afirmou que "a questão da desconfiança, suspeita ou crítica às urnas não é algo privativo meu", mas não apresentou provas concretas de que o sistema eleitoral tenha sido fraudulento e posteriormente pediu desculpas pelas acusações.
Nos primeiros minutos do interrogatório, o ex-presidente também disse que a mídia tem antipatia por sua figura, "por causa das pautas de costumes".
Bolsonaro afirmou que sempre atuou dentro das "quatro linhas" da Constituição durante seu mandato, mas descobriu que não manteve o decoro exigido pela carga, admitindo o uso de palavrões. "Joguei nas quatro linhas da Constituição o tempo todo. Muitas vezes me exaltava. Falava palavrão. Mas fui honesto", declarou.