
EXCLUSIVO: Thiago Ávila se recusa a confessar crime e inicia greve de fome após audiência em Israel

O ativista brasileiro Thiago Ávila, detido por Israel após a interceptação da embarcação Madleen Liberty, decidiu nesta terça-feira (10) iniciar uma greve de fome como forma de protesto contra sua prisão, que classificou como 'absurda'.
A informação foi confirmada com exclusividade à RT Brasil pela irmã do ativista, Luana de Ávila, com base em relatos da advogada que acompanha o caso no país.
"Ele mandou um recado para a família dizendo que essa prisão é um absurdo e que vai iniciar uma greve de fome. É o protesto que ele pode fazer neste momento", relatou Luana, servidora pública.
Segundo ela, Thiago também afirmou que não confia na comida fornecida por Israel, o que agrava sua decisão de não se alimentar enquanto permanecer preso.
Recusa em confessar crime
Thiago Ávila e outros sete ativistas internacionais recusaram-se a assinar documentos de deportação exigidos pelas autoridades israelenses. Os documentos, segundo a defesa, implicam o reconhecimento de um crime, o que os detidos negam com base no fato de que a Madleen Liberty foi interceptada em águas internacionais, e tratava-se de uma embarcação civil com autorização de navegação.

Em entrevista exclusiva à RT Brasil, Lara Souza, esposa de Thiago, psicóloga e também ativista, explicou a natureza dos documentos apresentados aos detidos pelas autoridades israelenses:
"O documento condicionante para ser liberado ontem era um documento aceitando a deportação, que automaticamente assumia que eles teriam cometido alguma infração, algum ato que foi em desacordo com as leis do país. Como eles não cometeram nenhum crime, não cometeram nenhuma infração, não fizeram nada de errado, ele e outros sete ativistas se recusaram a assinar".
Segundo Lara, os únicos que assinaram o termo foram os que já estavam designados para deixar o grupo primeiro, com o objetivo de dar visibilidade ao caso:
"As pessoas que assinaram foram as pessoas que já estavam combinadas que sairiam antes para poderem falar para a mídia, que foram justamente... os jornalistas e a Greta, que era a pessoa de maior alcance, e um médico também, por questões da profissão".
Lara explicou ainda que os interrogatórios foram realizados separadamente, sem garantia de condições iguais. "Eles não sabiam se todos estavam recebendo o mesmo documento, não sabiam se todos iam ter direito a serem liberados. Então também tomaram a decisão, que já estava combinada antes, de que eles não sairiam até ter certeza de que todos seriam liberados, para que uma pessoa não ficasse presa sozinha, sendo responsabilizada pela ação coletiva que, de novo, não infringia nada".
A audiência judicial de Thiago já foi realizada, mas o resultado ainda não foi divulgado.
Falta de contato direto
Desde a interceptação da embarcação, a família de Thiago Ávila não conseguiu falar diretamente com ele. A esposa, Lara Souza, relatou que uma representante da embaixada brasileira em Tel Aviv tentou entregar um telefone ao ativista no momento em que ele foi levado pela polícia, mas os agentes israelenses impediram a comunicação.
Desde então, todas as atualizações estão sendo feitas por meio dessa representante.
Contexto da prisão
Thiago Ávila é um dos 12 ativistas que embarcaram na missão da Freedom Flotilla Coalition (FFC), ao lado da sueca Greta Thunberg, rumo à Faixa de Gaza, com o objetivo de denunciar o bloqueio israelense e entregar ajuda humanitária.
A embarcação Madleen Liberty partiu do porto de Catânia, na Itália, no domingo (1º), e foi interceptada pela Marinha de Israel em águas internacionais.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel debochou, em comunicado anterior, sobre a missão.
"Todos os passageiros do 'iate de selfies' estão seguros e ilesos. Eles receberam sanduíches e água. O show acabou".
Acompanhamento diplomático
O Itamaraty acompanha a situação e informou que tentará garantir a repatriação do brasileiro o mais rápido possível.
A RT Brasil continuará acompanhando o caso de perto e trará novas atualizações assim que disponíveis.
