O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro, general Augusto Heleno, optou por permanecer em silêncio durante o interrogatório conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo penal sobre a suposta trama golpista. Heleno, o quinto réu a ser interrogado pela Primeira Turma do STF, respondeu apenas às perguntas formuladas por seu advogado, Matheus Milanez.
A estratégia de Heleno foi previamente comunicada por seu advogado. Diante disso, Moraes fez as perguntas que havia preparado para o general, garantindo que os questionamentos fossem registrados no processo.
Em seguida, o advogado de Heleno questionou o ex-ministro sobre um vídeo de uma reunião no Palácio do Planalto, onde Heleno teria dito que era necessário "virar a mesa" antes das eleições de 2022, pois seria mais difícil após o pleito. Heleno respondeu que suas palavras foram usadas em sentido figurado.
O ex-ministro também defendeu Jair Bolsonaro, afirmando que o ex-presidente sempre declarou que agiria "dentro das quatro linhas" da Constituição. "Importante colocar que o presidente Bolsonaro disse que ia agir dentro das questões linhas e eu segui isso o tempo todo", declarou Heleno. Ele também negou ter politizado o Gabinete de Segurança Institucional e os órgãos subordinados a ele.
Em um momento peculiar do interrogatório, o próprio advogado de Heleno o repreendeu por não responder de forma concisa. Quando perguntado se havia coordenado ou orientado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a produzir relatórios com informações falsas sobre as eleições de 2022, Heleno respondeu: "De maneira nenhuma. Não havia clima. O clima da Abin era muito bom". O advogado então o interrompeu, dizendo: "A pergunta é só 'sim' ou 'não', desculpa". Heleno reagiu com surpresa, sorrindo e dizendo: "Porra, desculpa". Moraes interveio, esclarecendo que a repreensão partiu do advogado, e não dele.