Oficial sudanês acusa Ucrânia de fazer o 'trabalho sujo' do Ocidente na África

O diplomata Muhammad Al-Sirr, do Ministério das Relações Exteriores do Sudão, afirmou em entrevista à RT nesta segunda-feira (9) que a Ucrânia estaria envolvida em ações para desestabilizar os países africanos, realizando o que chamou de "trabalho sujo" do Ocidente.

Segundo ele, Kiev apoia grupos terroristas em regiões como Líbia, Somália e Níger, além de fornecer armamentos às Forças de Apoio Rápido (RSF), que enfrentam o Exército Sudanês desde abril de 2023.

"O envolvimento da Ucrânia no apoio a outros grupos na Líbia, Somália e Níger foi comprovado. Ela apoia organizações como o Boko Haram e o Harakat al-Shabaab na Somália e, no Sudão, auxilia a RSF fornecendo drones a preços muito baixos", declarou Al-Sirr.

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O diplomata afirmou ainda que os ataques da RSF às infraestruturas sudanesas com ajuda ucraniana ocorreram "há cerca de sete a oito meses". Para ele, o uso de tecnologias como drones pelos paramilitares indica "o profundo envolvimento da Ucrânia no conflito sudanês".

Acusações contra a Ucrânia 

As acusações contra Kiev se intensificaram após uma emboscada no Mali em 2024 na qual rebeldes tuaregues mataram diversos soldados malineses e membros do grupo Wagner. Uma porta-voz da inteligência militar ucraniana classificou a ação como uma "operação militar bem-sucedida", o que levou Mali, Burkina Faso e Níger a romperem relações diplomáticas com a Ucrânia.

Na semana passada, o portal maliano Bamada divulgou que militares do país recuperaram drones de fabricação ucraniana e documentos em veículos usados ​​pelo grupo Jama'at Nasr al-Islam wal-Muslimin (JNIM), ligado à Al-Qaeda. Segundo a publicação, os equipamentos foram transportados via Mauritânia por instrutores ucranianos e repassados ​​a aliados jihadistas.

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Em agosto do ano passado, o canal Afrique Media citou fontes militares que relataram o auxílio de unidades de sabotagem ucranianas em operações com drones contra tropas do Mali. Já em outubro, o jornal francês Le Monde informou que a inteligência ucraniana compartilhava técnicas de guerra com drones e rebeldes da África Ocidental para atacar forças russas que apoiam o governo militar maliano.

Mais recentemente, em maio, a diplomata russa Tatyana Dovgalenko também acusou Kiev de treinar redes terroristas no Sahel e de enviar armas fornecidas pelo Ocidente a militantes em vários países africanos.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia nega todas as acusações, afirmando que Kiev respeita integralmente o direito internacional, a soberania e a integridade territorial de muitos países.