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Mauro Cid afirma que Bolsonaro estava obcecado por fraude nas urnas eletrônicas

Declaração foi dada no julgamento que apura tentativa de anular o resultado das eleições de 2022.
Mauro Cid afirma que Bolsonaro estava obcecado por fraude nas urnas eletrônicas© Ton Molina/STF

Durante depoimento nesta segunda-feira (9) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid declarou que a principal motivação do ex-presidente Jair Bolsonaro era encontrar indícios de fraude no sistema eleitoral brasileiro.

Cid, que atuou como ajudante de ordens de Bolsonaro, foi o primeiro a ser ouvido no julgamento do chamado "núcleo 1" da suposta trama golpista investigada pela Procuradoria-Geral da República. O grupo reúne oito réus, incluindo o próprio ex-presidente.

Delator no caso, Cid afirmou que a suspeita em relação às urnas eletrônicas dominava as preocupações de Bolsonaro.

"A grande preocupação do presidente, no meu ponto de vista, sempre foi encontrar uma fraude nas urnas, né, coisa que sempre foi muito ostensivo dentro da opinião do presidente. Ele sempre buscou uma fraude nas urnas", declarou.

O tenente-coronel também explicou que a descoberta poderia motivar certo apoio de setores das Forças Armadas, favorecendo uma tentativa de manter Bolsonaro no poder: "Com fraude na urna você poderia convencer os militares dizendo que a reação foi fraudada, alguma coisa, e aí talvez a situação mudasse. Então a grande mote ali do que eu, da minha visão ali, que tem a ver com isso, foi que iria se encontrar uma fraude nas ruas".

A fala foi dada no início da rodada de oitivas conduzida pela 1ª Turma do STF, que investiga a tentativa de anular o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

Dinheiro recebido 

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou que recebeu do general Walter Braga Netto uma caixa de vinho contendo dinheiro em espécie. O montante, segundo ele, foi repassado ao major Rafael Martins de Oliveira, das Forças Especiais, ligado ao grupo conhecido como kids pretos.

De acordo com Cid, a entrega foi feita no Palácio da Alvorada e atendia a um pedido de Braga Netto para custear despesas do major em Brasília. O tenente-coronel disse não saber o valor exato, mas estimou que não chegava a R$ 100 mil, "até pelo volume".