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Entenda o que está acontecendo em Los Angeles

A cidade registra confrontos e prisões após operação federal contra imigrantes; envio de tropas agrava tensão entre governo Trump e autoridades locais.
Entenda o que está acontecendo em Los AngelesAP / Eric Thayer

Pelo terceiro dia consecutivo, Los Angeles foi tomada por protestos após operações do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) em um bairro da cidade, motivadas por supostas violações das regras de imigração.

As manifestações começaram na sexta-feira (6) e registraram confrontos entre manifestantes e agentes federais.

De acordo com o Washington Post, manifestantes atiraram ovos e pedras contra viaturas, enquanto os policiais responderam com balas de borracha e gás lacrimogêneo.

Segundo a imprensa local, até a manhã desta segunda-feira (9), ao menos 39 pessoas haviam sido presas pela Polícia de Los Angeles. A Patrulha Rodoviária da Califórnia deteve outras 17 em protestos realizados em rodovias.

Durante os atos, circulou um vídeo em que manifestantes aparecem queimando e cuspindo em bandeiras dos EUA, enquanto gritavam insultos e expressavam repúdio às operações de imigração e às medidas adotadas pelo governo Trump.

O que o governo fez?

No domingo, Stephen Miller, vice-chefe de gabinete de políticas da Casa Branca, classificou os protestos contra a deportação de imigrantes em situação irregular como "insurreição".

No sábado (7), o presidente dos EUA, Donald Trump, determinou o envio de dois mil militares para conter os protestos, ordenando às forças de segurança que encerrassem os tumultos, restaurassem a ordem e expulsassem os imigrantes ilegais.

Em conversa com jornalistas, o republicano defendeu o uso da força contra manifestantes considerados violentos.

As primeiras unidades da Guarda Nacional começaram a chegar a Los Angeles no domingo (8).

Disputa entre as autoridades

O governador democrata da Califórnia, Gavin Newsom, publicou no X que o secretário de Defesa, Pete Hegseth, avalia mobilizar forças da Marinha para a cidade e criticou as ações do governo federal, com quem trava uma disputa pública.

Ao comentar a ordem de Trump, Newsom afirmou que as medidas são "deliberadamente inflamatórias e que só aumentam as tensões".

"Esta é uma missão equivocada e vai corroer a confiança da população", afirmou.

Newsom também exigiu formalmente a retirada das tropas enviadas "ilegalmente" a Los Angeles, alegando violação da soberania estadual.

"Não havia problema até Trump se envolver", declarou.

Em meio à escalada, Trump escreveu em sua plataforma Truth Social que, se as autoridades locais não conseguirem conter a situação, o governo federal agirá.

"Se o governador Gavin Newscum, da Califórnia, e a prefeita Karen Bass, de Los Angeles, não conseguirem fazer seu trabalho — o que todos sabem que não conseguem — então o governo federal intervirá e resolverá o problema, os tumultos e os saqueadores, da maneira como deve ser feita", escreveu.

Manifestantes pagos e prisão do governador?

Com a intensificação dos protestos, Trump ordenou o envio imediato de mais tropas para Los Angeles.

"A situação está muito ruim em Los Angeles. levem as tropas!", escreveu no Truth Social. O presidente afirmou ainda que os protestos são fomentados por grupos "radicais de esquerda" e teriam participação de "provocadores" e "manifestantes pagos".

O governador Newsom respondeu desafiando o "czar da fronteira", Tom Homan, e disse que ele deveria tentar prendê-lo: "Ele é um cara durão, por que não faz isso? Ele sabe onde me encontrar [...]. Me prenda! Vamos acabar com isso, cara durão. Eu não dou a mínima, mas me importo com esta comunidade [...]. Desculpe ser tão direto, mas esse tipo de conversa é exaustivo. Então, Tom, me prenda, vamos lá!", afirmou em entrevista à NBC.

No sábado, Homan, responsável por operações de deportação em massa durante o governo Trump, declarou que a fiscalização da imigração continuará "todos os dias" em Los Angeles. Ele sugeriu ainda que autoridades como Newsom e a prefeita Karen Bass podem ser presas se tentarem interferir nas ações dos agentes.