O ativista brasileiro Thiago Ávila, que integra a embarcação Madleen Liberty ao lado de outros 11 ativistas, incluindo a sueca Greta Thunberg, denunciou na noite de domingo (8) que o grupo está sob ataque enquanto navega rumo à Faixa de Gaza.
Segundo Ávila, a embarcação foi alvo de uma ação com drones que lançaram objetos e substâncias sobre os tripulantes.
"Todos, estamos sob ataque. Por favor, soe o alarme. Eles estão jogando muitas substâncias e objetos em nós. Quadcópteros [drones], os mais perigosos".
A publicação foi feita enquanto o barco navegava em águas internacionais. A denúncia marca uma escalada nas tensões que cercam a missão, cujo objetivo é levar ajuda humanitária e romper simbolicamente o bloqueio à Gaza.
Durante a ação hostil, os ativistas também enfrentaram tentativas de bloqueio de comunicação. Segundo Ávila, a interferência parece ser intencional: "Neste momento, eles estão interferindo em nossas comunicações. Estão dizendo coisas aleatórias apenas para atrapalhar nossa comunicação. Eles estão fazendo isso para que não possamos receber ajuda".
Mais cedo, os ativistas já haviam relatado que estavam cercados por embarcações não identificadas. Em vídeo anterior, Thiago Ávila alertou que o grupo treinou procedimentos para situações de risco, incluindo o uso de coletes salva-vidas, protocolos de segurança e acionamento de alarmes.
A missão, batizada de Gaza Freedom Flotilla, pretende alcançar a costa palestina com suprimentos de forma pacífica. No entanto, desde quarta-feira (5), autoridades israelenses haviam sinalizado que impediriam o desembarque, citando a manutenção do bloqueio imposto ao território palestino.
Ávila afirmou que o grupo acredita estar protegido pelo direito internacional, que reconhece a legitimidade de missões humanitárias em zonas de conflito. Ele citou decisões da Corte Internacional de Justiça que proíbem a obstrução de ações civis de ajuda à população.
"Somos uma missão humanitária não violenta. Não temos medo. A história está do nosso lado", declarou Ávila em vídeo anterior ao ataque com drones.
Não há, até o momento, confirmação sobre feridos ou sobre o impacto direto da ação hostil na estrutura da embarcação. O grupo segue em contato com apoiadores por meio de redes sociais.
A expectativa, segundo os ativistas, era de que a embarcação chegasse à Gaza nesta segunda-feira (9), caso não houvesse nova interferência.
Atualização 21h08
"O Madleen está sendo atacado em águas internacionais. Quadricópteros [drones] estão cercando o navio, borrifando-o com uma substância branca parecida com tinta. As comunicações estão bloqueadas e sons perturbadores estão sendo reproduzidos pelo rádio", publicou a página nas redes sociais da "Freedom Flotilla Coalition", organização que traz reportes sobre a missão.
Atualização 21h16
Israel confirmou que está em contato com a Madleen Liberty e afirmou ter ordenado que a embarcação altere sua rota.
Em vídeo divulgado neste domingo (9), uma militar da Marinha israelense, falando a partir de um porto, declarou: "A zona marítima da costa de Gaza está fechada para o tráfego naval como parte de um bloqueio naval legal. Se você deseja entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, pode fazê-lo através do porto de Ashdod por meio dos canais e centros de distribuição estabelecidos".