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Embarcação com Greta Thunberg em missão rumo a Gaza é cercada

Ativistas a bordo da Madleen denunciam cerco israelense e pedem apoio internacional após alerta de "ação em todas as frentes".
Embarcação com Greta Thunberg em missão rumo a Gaza é cercadaGettyimages.ru / Salvatore Allegra/Anadolu

A flotilha Madleen Liberty, que transporta 12 ativistas pró‑Palestina, incluindo a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, está sendo cercada neste domingo (8).

A embarcação havia sido proibida de atracar em Gaza na quarta-feira (5), sob a justificativa de que a chegada poderia enfraquecer o bloqueio imposto por Israel ao território palestino.

Segundo declaração das Forças de Defesa de Israel (IDF), o país está "pronto para agir em todas as frentes, inclusive no mar", o que levantou preocupações sobre uma possível ação militar contra os ativistas.

Em publicação nas redes sociais, Thiago Ávila fez um apelo urgente por ajuda, revelando que a embarcação está sob cerco e em situação de risco. A publicação foi feita enquanto o grupo ainda navega em águas internacionais, sinalizando interferência e bloqueio por parte das autoridades israelenses.

O brasileiro integra a tripulação da Madleen, que tem como objetivo romper simbolicamente o bloqueio e levar apoio à população palestina na Faixa de Gaza.

Atualização 20h14

Thiago Ávila relatou o cerco à embarcação Madleen Liberty diretamente do Mar Mediterrâneo em um vídeo publicado nas redes sociais.

"Acabamos de soar o alarme porque vimos várias embarcações se aproximando ao mesmo tempo. Elas nos cercaram e depois desapareceram. Podem ser embarcações das forças de ocupação israelenses, pode ser uma estratégia para se aproximarem por trás com as luzes apagadas. Não temos certeza, mas também não podemos confirmar", afirmou.

Segundo Ávila, ainda não houve abordagem direta à embarcação, mas o grupo ativou imediatamente os protocolos de segurança.

"Treinamos todos os participantes para esses momentos: vestir os coletes salva-vidas, seguir todos os protocolos e soar o alarme. Isso é essencial, pois quando o ataque realmente ocorre, eles interrompem nossa comunicação e ficamos isolados do mundo".

O ativista também compartilhou informações sobre uma possível ofensiva. "Tudo que sabemos da mídia israelense é que deixaram o porto de Ashdod para nos atacar. Não sabemos se será uma ação letal ou uma interceptação para nos prender, nos sequestrar e nos levar à força para Ashdod. O mais provável é que percamos toda a comunicação."

Ele ainda mencionou um episódio de intimidação. "Removemos a primeira publicação porque eles estavam muito próximos. Se fosse uma abordagem, levariam apenas um minuto para embarcar. No fim, seguiram em frente. Foi, provavelmente, uma guerra psicológica".

Apesar da tensão, Ávila reforçou a motivação da missão. "Estamos aqui por solidariedade ao povo palestino. Não somos a história. Essas missões nem deveriam existir. Se um governo estivesse conosco, garantindo passagem segura, não teríamos receio de ataque. Mas não temos medo. Sabemos que a história e o direito internacional estão do nosso lado".

O brasileiro criticou a atuação de Israel e mencionou decisões da Corte Internacional de Justiça. "Somos uma missão humanitária e não violenta. A CIJ já determinou que Israel não pode impedir ajuda humanitária. Eles não têm jurisdição em águas internacionais, nem nas águas territoriais palestinas".

Por fim, Ávila agradeceu o apoio internacional e ressaltou o compromisso com a resistência pacífica. "Se perdemos comunicação, vocês serão nossa maior defesa. Treinamos para isso. Vamos permanecer não violentos, mesmo diante de extrema violência. Se não houver ataque, amanhã chegaremos a Gaza e abriremos simbolicamente um corredor humanitário popular."