O ex-presidente da Rússia e atual vice-presidente do Conselho de Segurança, Dmitry Medvedev, intensificou neste sábado (7) as críticas ao regime de Kiev pelo descumprimento do acordo firmado em Istambul para a repatriação de corpos de soldados mortos no conflito.
Em publicação nas redes sociais, Medvedev acusou as autoridades ucranianas de se recusarem a receber os corpos por dois motivos: o medo de admitir as perdas reais no campo de batalha e a recusa em pagar indenizações às viúvas dos militares.
"Os canalhas de Kiev não querem pegar os corpos de seus soldados mortos. Há duas razões: é assustador admitir que são 6 mil e eles não querem pagar às viúvas. Que escória satânica! Que queimem no inferno!", escreveu Medvedev em sua conta oficial.
A declaração ocorre em meio à paralisação da operação de devolução unilateral dos corpos iniciada pela Rússia nas primeiras horas da manhã desta sábado, conforme previsto no acordo firmado em Istambul no início do mês.
Desde então, um comboio com 1.212 corpos de soldados ucranianos permanece parado na zona de troca estabelecida na fronteira. A delegação ucraniana, esperada para receber os corpos e iniciar também a troca de prisioneiros feridos e jovens, não compareceu e não apresentou nova data para o processo.
6 mil corpos congelados à espera
O processo iniciado por Moscou inclui mais de 6 mil corpos de soldados ucranianos, mantidos em caminhões e vagões refrigerados, prontos para serem entregues. Além disso, a Rússia apresentou uma lista com 640 prisioneiros ucranianos classificados como feridos, gravemente doentes e menores de 25 anos, para iniciar a troca.
O regime de Kiev, até o momento, não respondeu formalmente às propostas nem enviou os nomes dos prisioneiros russos para a contraparte da operação.
Segundo autoridades russas e relatos de correspondentes da RT, os motivos por trás da recusa estariam ligados a interesses financeiros e políticos. A legislação ucraniana prevê uma compensação de 15 milhões de grívnias (cerca de 2 milhões de reais) por militar morto.
O retorno imediato dos corpos obrigaria o governo a reconhecer oficialmente essas mortes e a arcar com os pagamentos às famílias.
A ausência de Kiev mantém milhares de famílias sem respostas e sem a possibilidade de enterrar seus mortos. A operação de repatriação, apresentada por Moscou como um gesto humanitário, transformou-se em mais um ponto de tensão política e moral entre os dois países.