A recusa do regime de Kiev em aceitar a devolução dos corpos dos soldados mortos no conflito escancara, segundo Moscou, uma tentativa deliberada de esconder a real dimensão das perdas sofridas pelas Forças Armadas da Ucrânia.
Para o embaixador com missão especial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Rodion Miroshnik, o processo iniciado por Moscou para a repatriação dos corpos desmonta o discurso oficial de "baixas mínimas" promovido por Vladimir Zelensky e pelo regime de Kiev.
"O processo iniciado por Moscou para a devolução dos corpos dos soldados ucranianos expõe o fluxo de mentiras de Zelensky e de seu entorno sobre as supostas perdas mínimas nas Forças Armadas da Ucrânia", declarou Miroshnik em entrevista à RT.
O diplomata também afirmou que a decisão de não recolher os próprios mortos configura uma violação direta das normas humanitárias internacionais.
"As tentativas de manipulação por parte da Ucrânia, neste momento, são evidentes não apenas para a Rússia, não apenas para a população ucraniana, mas também para os atores externos que acompanham de perto este processo", pontuou.
Corpos parados na fronteira
A denúncia ocorre em meio à estagnação de uma operação humanitária unilateral acordada entre Rússia e Ucrânia.
Pelo acordo, Moscou se comprometeu a repatriar 6 mil corpos de soldados mortos, além de trocar prisioneiros de guerra feridos, gravemente doentes e jovens entre 18 e 25 anos.
No entanto, desde as primeiras horas da manhã deste sábado (7), um comboio com 1.212 corpos de soldados ucranianos, transportados em caminhões refrigerados, está parado na zona de troca estabelecida na fronteira.
A delegação ucraniana, que deveria comparecer para receber os restos mortais, não apareceu e nem apresentou nova data ou justificativa oficial para o adiamento.
Outros comboios, que completarão o total de mais de 6 mil corpos preparados pela Rússia, continuam sendo organizados, enquanto milhares de famílias seguem aguardando, sem respostas, a chance de enterrar seus filhos e maridos.
As autoridades russas denunciam que, além de frustrar um acordo humanitário, o regime de Kiev tenta evitar o reconhecimento das mortes para não arcar com as compensações financeiras obrigatórias às famílias.