'Compartilharam namoradas': biógrafo de Trump confirma acusações de Musk sobre ligações com Epstein

Michael Wolff afirma ter visto imagens comprometedoras do presidente dos EUA com Epstein e jovens em festas.

O jornalista Michael Wolff, biógrafo de Donald Trump, afirmou ter visto provas comprometedoras que o presidente dos Estados Unidos não gostaria que se tornassem públicas. A declaração foi feita após Elon Musk acusar Trump de estar envolvido com o financista condenado Jeffrey Epstein.

A tensão entre o dono da Tesla e da SpaceX e o presidente dos EUA alcançou novos patamares nesta quinta-feira (5). Musk usou sua rede social para afirmar: "É hora de soltar a grande bomba: Donald Trump está nos arquivos de Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual não foram divulgados".

Em um episódio "emergencial" do podcast The Daily Beast, o jornalista Michael Wolff comentou o caso, destacando a profundidade da relação entre Trump e Epstein. "Compartilharam namoradas, aviões e estratégias empresariais", declarou. Segundo ele, os dois foram "melhores amigos" durante 15 anos.

Wolff também afirmou que havia visto provas visuais da relação, as quais, segundo ele, o presidente dos EUA não gostaria que fossem divulgadas.

"Vi essas fotos. Sei que existem e posso descrevê-las", disse.

"São cerca de uma dúzia. As que mais lembro mostram os dois com garotas de topless, de idade indefinida, sentadas no colo de Trump. E depois Trump em pé, com uma mancha na frente da calça, enquanto três ou quatro garotas riam, também de topless, apontando para sua calça". 

O que Musk poderia saber

Embora não saiba exatamente a que Musk se referia em sua publicação, Wolff sugeriu que poderia se tratar de material comprometedor, como documentos ou imagens, possivelmente obtidos pelo FBI durante uma operação realizada em 2019 na residência de Epstein.

"Mas, no geral, acredito que se refira ao caso Epstein como um todo", afirmou. "A vida de Jeffrey Epstein está entrelaçada à de Donald Trump de maneira muito significativa, até profunda. De certo modo, esses caras se fizeram mutuamente". 

Michael Wolff é conhecido pelo livro Fogo e Fúria (Fire and Fury, em inglês), publicado em 2018, no qual apresenta bastidores da Casa Branca durante o primeiro mandato de Trump. A obra foi baseada em mais de 200 entrevistas com pessoas próximas ao presidente. O jornalista já venceu duas vezes o National Magazine Awards, conhecido como o Pulitzer das revistas.

Abalo entre conservadores

A acusação pública feita por Musk atingiu em cheio o campo conservador norte-americano. Após voltar à presidência, Trump havia prometido divulgar documentos sobre o caso Epstein. Entretanto, os materiais inicialmente liberados foram alvos de críticas por não apresentarem nenhuma informação nova.

Grupos conspiratórios da extrema direita, por anos, alimentaram teorias sobre a lista de contatos do magnata, esperando que Trump fosse o responsável por revelar o conteúdo. A acusação de Musk, ao utilizar a lista contra o próprio presidente, gerou desilusão entre esses apoiadores.

Trump e Epstein: fotos, festas e declarações

Donald Trump foi fotografado diversas vezes ao lado de Epstein. Em 2002, o presidente chegou a fazer declarações elogiando o financista. "É muito divertido. Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são bem jovens. Não há dúvidas de que Jeffrey aproveitava sua vida social", afirmou à época.

Entenda o caso Epstein

Jeffrey Epstein, financista norte-americano, esteve envolvido em um dos maiores escândalos de abuso sexual e tráfico de menores das últimas décadas nos Estados Unidos. Ele operava uma rede de exploração sexual que recrutou meninas e adolescentes durante anos.

Em 2008, declarou-se culpado de acusações menores em um acordo com a Promotoria e cumpriu 13 meses de prisão. Em 2019, voltou a ser processado, mas foi encontrado morto em uma cela de prisão em Nova York antes do julgamento. A morte foi registrada como suicídio.

A chamada "lista Epstein" refere-se a figuras influentes que mantinham relação com o financista e frequentavam suas festas. Supõe-se que algumas dessas pessoas também estejam ligadas aos crimes sexuais. Essa lista, nunca divulgada oficialmente, é a que Musk afirma incluir o nome de Trump, alimentando as suspeitas.