Coletivo de professores da Paris 8 protesta após homenagem a Lula: 'muito próximo de Putin'

Os acadêmicos sugeriram que a honraria deveria ter concedida a 'uma figura com mais consenso', questionando Lula e sua 'defesa do multilateralismo' e do Sul Global.

Um coletivo de professores da Universidade Paris 8 criticou, através de um artigo no tradicional veículo Libération, a decisão da instituição de homenagear o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem foi concedido nesta sexta-feira (6) o título de Doutor Honoris Causa. De acordo com eles, trata-se de uma ''mancha na história de nossa universidade''.

''Essa homenagem teria sido significativa há apenas alguns anos, quando Lula estava preso e encarnava valores com os quais nossa comunidade universitária se identifica totalmente. No atual contexto internacional, essa escolha parece altamente questionável'', lê-se na publicação, assinada por professores como Pierre Bayard, Eric Fassin.

Os signatários questionam a proximidade de Lula com os governos de Putin e Xi Jinping e a viagem do brasileiro a Moscou por ocasião do Desfile pelo Dia da Vitória, afirmando que o evento tinha como ''objetivo explícito equiparar a guerra contra a Ucrânia à luta contra o nazismo''.  ''A realpolitik ou a defesa legítima do multilateralismo e do Sul não justifica tudo'', argumentam os autores.

Nesse contexto, os acadêmicos enfatizam que desde o início do conflito em 2022, foram intensificadas as relações de Paris 8 com o regime de Kiev. A presidência da instituição, junto ao departamento internacional, avançaram com a ''assinatura de um acordo de cooperação com a Mohyla Academy de Kiev, organizando uma 'Semana da Ucrânia' e uma conferência conjunta''.

"Para reforçar nossa cooperação necessária com o Brasil, seria tão difícil encontrar, entre o pessoal político ou entre os intelectuais e artistas deste país, uma figura que gerasse mais consenso"?