Como a China sufoca silenciosamente a indústria automobilística ocidental

As restrições impostas pela China à exportação de terras raras podem desencadear uma crise global na indústria automotiva. Um relatório da consultoria Berylls by AlixPartners, citado pelo Daily Galaxy, aponta que fornecedores europeus e norte-americanos desses minerais estão operando com margens de lucro extremamente apertadas.

Estoques em queda ameaçam produção global

Os estoques de materiais críticos, como o neodímio—usado na fabricação de ímãs permanentes para motores elétricos—estão em níveis críticos e podem se esgotar em cinco a seis semanas, segundo o relatório. "Se a reposição dos suprimentos não ocorrer rapidamente, algumas linhas de montagem poderão ser interrompidas até meados de junho", alerta o documento.

'Matando os rivais': que efeito as tarifas de Trump terão na indústria automobilística europeia?

As medidas adotadas por Pequim, em vigor desde abril, exigem autorizações especiais para a exportação de vários minerais. A decisão foi uma resposta às tarifas aplicadas pelos Estados Unidos e tem afetado de maneira mais aguda a Europa, cujas cadeias de suprimento estão fortemente ligadas ao mercado chinês.

Montadoras buscam alternativas diante do risco

Várias fábricas de autopeças europeias já suspenderam temporariamente suas atividades, enquanto montadoras como a Mercedes-Benz buscam alternativas para enfrentar um possível colapso na oferta de terras raras.

Sherry House, diretora financeira da Ford, afirmou em teleconferência com investidores que as novas regras da China agravaram a pressão sobre a logística global, que já exige planejamento com várias semanas de antecedência.

China revela descoberta de reservas estimadas em 1,15 milhão de toneladas de recursos essenciais

A Associação Europeia de Fornecedores Automotivos (CLEPA) informou que diversas linhas de produção foram paralisadas por falta de materiais e alertou para o risco crescente de escassez.

Barreiras burocráticas emperram exportações

Desde o início de abril, apenas um quarto dos pedidos de licença de exportação submetidos por fornecedores foi aprovado. Alguns foram rejeitados por razões consideradas "altamente processuais", segundo a CLEPA.

A Mercedes-Benz, que ainda não sofreu impactos diretos, já negocia com seus fornecedores a criação de estoques estratégicos. A BMW admitiu que partes de sua cadeia de suprimentos foram afetadas, embora suas unidades industriais continuem operando normalmente.