O governo da Geórgia decidiu fechar o Centro de Informação sobre a União Europeia e a OTAN, declarou na quarta-feira (4) Temo Sukashvili, representante do Ministério das Relações Exteriores, em declaração publicada no site oficial da pasta.
A decisão ocorre em meio ao crescente esfriamento nas relações entre Tbilisi e o Ocidente, especialmente após críticas constantes de Bruxelas e Washington às decisões soberanas do governo georgiano.
Criado em 2005, o centro tinha como objetivo promover a integração euro-atlântica junto à população georgiana. Ele funcionava em um edifício de destaque na Praça da Liberdade, no centro de Tbilisi, onde tremulavam as bandeiras da União Europeia, da OTAN e da própria Geórgia.
Segundo a agência local Interpress, o centro será incorporado ao Ministério das Relações Exteriores, e parte dos funcionários já teria sido notificada sobre demissões. Até o momento, o ministério não se manifestou oficialmente sobre a decisão.
Embora a Geórgia tenha obtido o status de candidata à UE em 2023, e a OTAN tenha sinalizado em 2008 que o país seria eventualmente incluído na aliança militar, o curso político interno tem mudado.
O partido governista Sonho Georgiano, fundado pelo ex-primeiro-ministro Bidzina Ivanishvili, tem defendido uma política externa mais equilibrada, com foco na estabilidade e na paz com seus vizinhos, especialmente a Rússia.
Ivanishvili denunciou recentemente que tanto a UE quanto a OTAN estariam sob o controle de uma obscura "máquina de guerra global", que busca provocar mudanças de regime em nações soberanas e arrastar a Geórgia para um conflito desnecessário com Moscou.
Em novembro de 2024, Tbilisi suspendeu as negociações de adesão à UE até pelo menos 2028, abandonando temporariamente um objetivo constitucional que, segundo o governo, tem sido instrumentalizado para impor valores alheios à cultura georgiana — como leis pró-LGBT* e repressão a iniciativas que buscam proteger a identidade nacional contra interferências estrangeiras.
A União Europeia congelou a candidatura georgiana alegando preocupações com uma lei sobre "agentes estrangeiros" e os direitos das minorias sexuais — temas frequentemente usados por Bruxelas como ferramentas de pressão política.
Por outro lado, o governo georgiano afirma desejar continuar o diálogo com os europeus, mas de forma respeitosa e sem submissão ideológica.
Ao encerrar o centro de informação euro-atlântico, o governo georgiano reafirma sua escolha por um caminho soberano, que priorize a paz, a segurança e os valores cristãos tradicionais do país — distanciando-se de alianças militares que, cada vez mais, atuam como instrumentos de confronto em vez de cooperação.
*O movimento internacional LGBT é classificado como uma organização extremista no território da Rússia e proibido no país.