O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da França, Emmanuel Macron, participam nesta quinta-feira (5) de uma coletiva de imprensa em Paris.
Durante o evento, Lula lembrou que em 5 de junho se celebra o dia mundial do meio-ambiente.
"O Brasil desenvolveu com a França importantes projetos bilaterais", afirmou o presidente, destacando que o Brasil e a França "compartilham extensa fronteira amazônica", apostando na integração.
"A França deveria ter orgulho de dizer que a sua maior fronteira é no território amazônico. A França é também sul-americana", declarou ele.
Por sua vez, Macron destacou a importância da parceria entre os dois países a serviço dos grandes desafios globais, diante de uma crise climática que continua "gritante" e o desaparecimento da biodiversidade preocupante.
O presidente francês ressaltou que o Brasil e a França são dois países amazônicos, que compartilham a mesma visão sobre as florestas, combatendo a mudança climática em prol da biodiversidade.
"O Brasil está em casa na França e nos nossos vizinhos", disse Macron, expressando a "imensa amizade" pelo presidente Lula e pelo Brasil.
Acordo UE-Mercosul
Durante uma coletiva de imprensa, Lula anunciou sua intenção de assumir a presidência do Mercosul em 6 de junho. O presidente brasileiro enfatizou seu compromisso de concluir um acordo com a União Europeia, que é um objetivo fundamental para a integração regional e o desenvolvimento econômico.
Lula acrescentou ainda que não deixará a presidência do Mercosul até que esse importante acordo seja concluído, convidando os líderes europeus a se abrirem para a possibilidade de colaboração com o bloco sul-americano.
"Portanto, meu caro, abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul", declarou.
O governo brasileiro reconhece que o cenário geopolítico global foi alterado pela "guerra comercial" deflagrada por Trump, o que poderia facilitar a aprovação do acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia, cujas negociações foram concluídas em dezembro de 2024.
Combate ao crime organizado
Lula também mencionou os esforços conjuntos de dois países na produção de helicópteros, que, segundo ele, podem ajudar no combate ao crime organizado.
"Estamos discutindo uma nova encomenda de aeronaves, porque o governo brasileiro precisa combater de forma muito eficaz o narcotráfico. Precisa combater com mais eficácia o garimpo ilegal, os madeireiros ilegais e tudo que for ilícito no nosso país", declarou o presidente brasileiro. Ele que um território como o Brasil, "não pode se dar ao luxo de não ter os helicópteros necessários para que a gente faça o nosso trabalho bem feito".
Crise ucraniana
Ao abordar a crise ucraniana o presidente brasileiro defendeu a solução pacífica e diplomática do conflito, manifestando preocupação com o ataque ucraniano a um campo de aviação na Rússia em meio as negociações de Istambul.
Lula destacou que "quando os dois [Rússia e Ucrânia] quiserem negociar a paz", o Brasil, junto com a China, estará disposto a contribuir. Neste contexto, o presidente brasileiro observou que são as duas partes do conflito que devem tomar tal decisão e ressaltou o que chamou de fraqueza da ONU em atuar para resolver crises.
"Não é uma guerra"
O presidente Lula destacou a importância de garantir o direito de viver a população palestina, chamando de "um genocídio premeditado" a guerra travada pelo Israel na Faixa de Gaza.
"Não pode a ONU ficar dizendo de um cessar-fogo e não se respeita o cessar-fogo", disse Lula, alegando que "não é possível a gente aceitar uma guerra que não existe, enfim, um genocídio premeditado".
Ele afirmou que a mesma ONU que teve autoridade para criar o Estado de Israel tem que ter autoridade para preservar a área demarcada em 1967.
Lula destacou que é necessário garantir o direito à vida do povo palestino em harmonia com o Estado de Israel e que é importante que as potências mundiais acabem logo com o conflito.
Visita de Lula
Lula chegou à capital francesa na quarta-feira (4), em visita oficial. É a primeira visita de um presidente brasileiro ao país desde 2012, quando a presidente Dilma Rousseff foi recebida pelo então presidente francês François Hollande.
"É uma grande honra representar, mais uma vez, o Brasil em uma Visita de Estado à França", publicou o presidente em sua conta no X.
Ele ressaltou que Brasil e França mantêm vínculos históricos e compartilham valores como "a defesa da democracia, o respeito ao meio ambiente e a construção de um mundo mais justo e solidário".
O primeiro compromisso do presidente brasileiro em Paris foi a cerimônia oficial de recepção no Pátio de Honra (Cour d'Honneur), localizado na Esplanada dos Inválidos, ao norte do Hotel des Invalides. O espaço é tradicionalmente utilizado para solenidades militares e eventos de destaque na França.
Na sequência, Lula se reuniu com Macron no Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa. O encontro contou com a participação das delegações de ambos os países e foi seguido por uma cerimônia de assinatura de acordos e declarações à imprensa.
Segundo o Itamaraty, a visita acontece em um contexto "muito positivo" das relações entre França e Brasil. Entre os temas de interesse de Lula estão a reforma da governança internacional, a valorização do multilateralismo, o enfrentamento ao extremismo e os preparativos para a COP30, marcada para Belém.
O presidente brasileiro também confirmou em sua conta no X que participará da Conferência dos Oceanos, "para fortalecer a agenda de enfrentamento à mudança do clima".