O CEO da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, criticou duramente o projeto de lei fiscal e de gastos defendido pelo presidente Donald Trump, aprovado na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos no último mês.
Em publicação feita nesta terça-feira (3) na rede social X, Musk classificou a proposta como uma "abominação repugnante" e declarou preocupação com o impacto no déficit federal.
O texto, apelidado de "Lei do Grande Projeto" — uma tradução que não reproduz integralmente o tom grandioso, hiperbólico e pessoal do nome original em inglês (One Big Beautiful Bill Act) — amplia os cortes de impostos aprovados em 2017 e aumenta os investimentos em defesa e segurança de fronteiras.
A proposta será apresentada nas próximas semanas no Senado, também controlado pelos republicanos, e deverá passar por ajustes antes de uma possível aprovação até 4 de julho.
"Esta enorme, escandalosa e cheia de privilégios proposta de gastos do Congresso é uma abominação repugnante", escreveu Musk. Ele acrescentou: "Vergonha para quem votou a favor: vocês sabem que erraram. Vocês sabem disso".
A declaração de Musk ganhou apoio entre senadores republicanos fiscalmente conservadores, o que pode dificultar a aprovação da medida. Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, a proposta adicionaria 3,8 trilhões de dólares à dívida pública dos Estados Unidos, atualmente estimada em US$ 36,2 trilhões.
Resposta a Musk
Mesmo com as críticas, os líderes do partido republicano seguem firmes na intenção de aprovar a pauta.
O senador John Thune, líder da maioria republicana, rebateu Musk: "Temos um trabalho a fazer, o povo americano nos elegeu para isso. Vamos cumprir a agenda que defendemos na campanha". Já o presidente da Câmara, Mike Johnson, afirmou: "Meu amigo Elon está terrivelmente enganado".
Parlamentares da Comissão de Finanças do Senado deverão se reunir com Trump nesta quarta-feira (4) na Casa Branca para discutir a proposta de tornar permanentes os incentivos fiscais para empresas. Analistas alertam que a medida pode tornar o custo do projeto ainda mais elevado.
A crítica pública de Musk ocorre poucos dias após o fim de sua atuação como funcionário especial do governo, à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). Durante sua gestão, ele buscou cortes de gastos em diversas agências federais, mas não conseguiu alcançar as economias planejadas.
De acordo com o veículo norte-americano Axios, quatro fatores motivaram a ruptura de Musk com o atual projeto de governo. Entre eles, a redução da autorização fiscal para montadoras de veículos elétricos, a recusa do governo em estender sua permanência no cargo de funcionário especial além do limite legal de 130 dias, o fracasso em inserir a tecnologia Starlink na gestão do tráfego aéreo dos EUA e a exclusão do nome de seu aliado Jared Isaacman para a chefia da NASA.
Apesar do episódio, Musk e Trump seguem mantendo uma relação de amizade e aliança política, segundo fontes próximas.