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Brasil lança coalizão global para apoiar planejamento energético no Sul Global

Iniciativa quer compartilhar experiências para atrair investimentos em energia renovável.
Brasil lança coalizão global para apoiar planejamento energético no Sul GlobalRicardo Botelho/MME

O governo brasileiro lançou nesta terça-feira (3), no Rio de Janeiro, a Coalizão Global para o Planejamento Energético, iniciativa desenvolvida durante a presidência do Brasil no G20.

O lançamento ocorreu na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), durante a 1ª Cúpula de Planejamento Energético, reunindo autoridades de diversos países, organismos multilaterais e especialistas do setor.

Com foco na transição energética justa e acessível, a proposta visa fomentar o intercâmbio de experiências entre países e fortalecer instituições de planejamento energético em nações em desenvolvimento. A plataforma será coordenada pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), com apoio técnico e articulação institucional.

"A transição energética é o maior desafio dos nossos tempos", declarou Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES. "Temos que nos comprometer a incluir todo mundo". 

Representantes de países como Canadá, Dinamarca, Reino Unido, Nigéria e Quênia, além de instituições como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento, participaram da conferência de lançamento. A coalizão se inspira em outras iniciativas multilaterais promovidas pelo Brasil no G20, como a Coalizão Global contra a Fome.

Segundo Thiago Barral, secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia, o Brasil pretende compartilhar seu modelo regulatório e sua tradição de planejamento de longo prazo com países do Sul Global. "A coalizão é uma contribuição concreta do Brasil no processo preparatório para a COP30", afirmou.

Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que Barral presidiu, indicam que a matriz elétrica brasileira já é composta por quase 90% de fontes renováveis. Considerando todos os setores, inclusive transporte, as renováveis representam cerca de 50% do consumo total, com destaque para energia eólica, solar e o uso de biodiesel.

O presidente da Irena, Francesco La Camera, enfatizou o papel do planejamento energético para superar o desequilíbrio entre metas climáticas e sua concretização. "O desafio fundamental é o gap entre aspiração e implementação", afirmou. A agência estima que os investimentos globais em energias renováveis devem crescer de 1,3 trilhão para 4,5 trilhões de dólares anuais para atender às metas do Acordo de Paris.

A próxima edição da Cúpula de Planejamento Energético está prevista para 2027, com a expectativa de apresentar resultados concretos no avanço da transição energética nos países em desenvolvimento.