
Brasil lança coalizão global para apoiar planejamento energético no Sul Global

O governo brasileiro lançou nesta terça-feira (3), no Rio de Janeiro, a Coalizão Global para o Planejamento Energético, iniciativa desenvolvida durante a presidência do Brasil no G20.
O lançamento ocorreu na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), durante a 1ª Cúpula de Planejamento Energético, reunindo autoridades de diversos países, organismos multilaterais e especialistas do setor.
Com foco na transição energética justa e acessível, a proposta visa fomentar o intercâmbio de experiências entre países e fortalecer instituições de planejamento energético em nações em desenvolvimento. A plataforma será coordenada pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), com apoio técnico e articulação institucional.
"A transição energética é o maior desafio dos nossos tempos", declarou Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES. "Temos que nos comprometer a incluir todo mundo".

Representantes de países como Canadá, Dinamarca, Reino Unido, Nigéria e Quênia, além de instituições como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento, participaram da conferência de lançamento. A coalizão se inspira em outras iniciativas multilaterais promovidas pelo Brasil no G20, como a Coalizão Global contra a Fome.
Segundo Thiago Barral, secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia, o Brasil pretende compartilhar seu modelo regulatório e sua tradição de planejamento de longo prazo com países do Sul Global. "A coalizão é uma contribuição concreta do Brasil no processo preparatório para a COP30", afirmou.
Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que Barral presidiu, indicam que a matriz elétrica brasileira já é composta por quase 90% de fontes renováveis. Considerando todos os setores, inclusive transporte, as renováveis representam cerca de 50% do consumo total, com destaque para energia eólica, solar e o uso de biodiesel.
O presidente da Irena, Francesco La Camera, enfatizou o papel do planejamento energético para superar o desequilíbrio entre metas climáticas e sua concretização. "O desafio fundamental é o gap entre aspiração e implementação", afirmou. A agência estima que os investimentos globais em energias renováveis devem crescer de 1,3 trilhão para 4,5 trilhões de dólares anuais para atender às metas do Acordo de Paris.
A próxima edição da Cúpula de Planejamento Energético está prevista para 2027, com a expectativa de apresentar resultados concretos no avanço da transição energética nos países em desenvolvimento.
