
Lee Jae-myung é eleito presidente e promete 'superar a guerra civil' na Coreia do Sul

A Coreia do Sul elegeu nesta terça-feira (3) um novo presidente, menos de seis meses após a dramática imposição da lei marcial pelo então presidente Yoon Suk-yeol.
O liberal Lee Jae-myung, do Partido Democrático (Minju), venceu o pleito com 49,42% dos votos, derrotando Kim Moon-soo, do conservador Partido do Poder Popular (PPP), que obteve 41,15%. A vitória marca o retorno de um político progressista ao poder em meio a uma das maiores crises institucionais do país em décadas.
"Devemos superar a guerra civil. Faremos o nosso melhor para reanimar a economia e restaurar os meios de subsistência das pessoas", afirmou Lee em seu discurso de vitória, no qual também pediu união aos eleitores. "Não se odeiem e não entrem em confronto entre si. As pessoas não precisam odiar, tampouco odiar umas às outras".
A eleição ocorre após a destituição de Yoon, acusado de insurreição por tentar prender adversários políticos e fechar a Assembleia Nacional, episódio que reacendeu memórias das ditaduras militares que governaram o país até os anos 1980.

A lei marcial foi derrubada pelo Parlamento, que em seguida aprovou o impeachment de Yoon, confirmado pela Corte Constitucional em abril. O processo judicial segue em curso, e o resultado pode influenciar ainda mais o ambiente político até o fim do ano.
Lee assume em um cenário polarizado. A pesquisa de boca de urna indicou forte apoio entre mulheres, enquanto homens jovens, entre 20 e 30 anos, votaram majoritariamente em Kim Moon-soo e no candidato reformista Lee Jun-seok, com uma agenda de rejeição à política tradicional.
Esse grupo foi determinante para o avanço conservador em eleições anteriores e representa uma parcela significativa da população insatisfeita com o sistema político.
Diante de um país dividido, Lee propõe uma agenda de pacificação e pragmatismo. Durante a campanha, destacou a necessidade de priorizar o interesse nacional nas relações internacionais, especialmente diante das tensões regionais e globais.
"A diplomacia deve sempre se concentrar nos interesses nacionais", afirmou Lee, ao defender uma abordagem equilibrada entre os vínculos com os Estados Unidos, a China e a Rússia.

"Devemos priorizar o interesse nacional e evitar nos envolvermos demais no conflito China-Taiwan", declarou. "A ideia é respeitar o 'status quo' e manter uma distância adequada".
Para ele, a Coreia do Sul não pode "apostar tudo nos laços com Tóquio e Washington". "Nossas relações com a China e a Rússia também são importantes, portanto, devemos administrá-las bem".
Na península coreana, Lee promete retomar a política de diálogo com Pyongyang, buscando reduzir as tensões e promover estabilidade. "As duas Coreias vão se comunicar, vão cooperar e encontrar um caminho para a prosperidade comum", disse no discurso que marcou sua vitória.
Lee também defendeu uma reforma constitucional para permitir reeleição presidencial e a expansão do setor de inteligência artificial como motor do crescimento econômico.
Em meio à desaceleração do PIB e à revisão para baixo da previsão de crescimento feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o novo presidente afirma que a recuperação econômica será prioridade imediata.
A posse oficial de Lee acontece já nesta quarta-feira (4).
