RT obtém acesso às propostas da Rússia para resolver crise ucraniana

Segundo o chefe da delegação russa, Vladmir Medinsky, não se trata "absolutamente" de um ultimato, mas sim de "uma proposta integral" que permitirá alcançar a paz a longo prazo ou, ao menos, um cessar-fogo.

Nesta segunda-feira (2) foi realizada a segunda rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia na cidade turca de Istambul.

Segundo informado previamente tanto pela parte russa quanto pela parte ucraniana, Moscou propõe a Kiev um memorando que inclui pontos que, de acordo com o ponto de vista da Rússia, são necessários para que o conflito chegue a um fim.

Segundo o chefe da delegação russa, Vladmir Medinsky, não se trata "absolutamente" de um ultimato, mas sim de "uma proposta integral" que permitirá alcançar a paz a longo prazo ou, ao menos, um cessar-fogo.

A primeira parte das propostas da Rússia inclui os pontos essenciais para a resolução do conflito. Esses pontos incluem o seguinte:

Conforme a proposta da Rússia, a Ucrânia terá que confirmar seu status de Estado que não possui armas nucleares ou outras armas de destruição em massa, e se comprometer com a proibição direta de sua aceitação, trânsito e implantação em seu território.

Paralelamente, de acordo com o documento, deve ser estabelecido o número máximo de membros das Forças Armadas e de outras formações militares da Ucrânia, bem como o número máximo de armas e equipamentos militares e suas características permitidas.

Da mesma forma, as formações nacionalistas ucranianas dentro das Forças Armadas e da Guarda Nacional do país devem ser dissolvidas, diz o texto.

O documento também pede que todos os direitos, liberdades e interesses da população russa e russófona sejam garantidos, enquanto o idioma russo deve obter o status de língua oficial na Ucrânia.

Em nível legislativo, a glorificação e a propaganda do nazismo e do neonazismo devem ser proibidas, e as organizações e os partidos nacionalistas devem ser dissolvidos.

Além disso, aponta-se que, entre a Rússia e a Ucrânia, todas as sanções, proibições e restrições econômicas existentes terão que ser suspensas.

Da mesma forma, ambos os lados terão que renunciar a reivindicações mútuas em relação a danos causados durante o conflito para começar a resolver gradualmente uma série de questões relacionadas, entre outras, à reunificação de famílias e pessoas deslocadas. Além disso, a Ucrânia deve abolir todas as restrições impostas à Igreja Ortodoxa Ucraniana canônica (UPTs).

As partes devem, então, começar a trabalhar na restauração gradual das relações diplomáticas e econômicas (incluindo o trânsito de gás), transporte e outras comunicações, inclusive com países terceiros.

Opções para um cessar-fogo

A Rússia também oferece duas opções para um cessar-fogo: uma retirada total das Forças Armadas da Ucrânia ou um "acordo global".

Retirada completa

Início da retirada completa das Forças Armadas da Ucrânia e de outras formações paramilitares da Ucrânia do território da Federação Russa, incluindo a República Popular de Donetsk, a República Popular de Lugansk e os oblastos de Zaporozhie e Kherson, bem como sua retirada das fronteiras da Federação Russa até uma distância acordada pelas partes, de acordo com os regulamentos aprovados.

"Acordo global"

O "acordo global" prevê a proibição da redistribuição das Forças Armadas da Ucrânia e de outras formações paramilitares, exceto para ações com a finalidade de retirada das fronteiras da Federação Russa até uma distância acordada pelas partes. Da mesma forma, os seguintes pontos estão listados, previstos para a segunda variante:

Etapas e prazos a seguir

A parte final apresenta a sequência de ações a serem tomadas por cada parte do conflito antes da entrada em vigor do documento:

A segunda rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia foi concluída após pouco mais de uma hora. As delegações das partes envolvidas no conflito se reuniram nesta segunda-feira (2) no Palácio de Ciragan, em Istambul, Turquia.

A primeira reunião entre as delegações da Rússia e do regime de Kiev ocorreu em 16 de maio, também em Istambul, por proposta do presidente Vladimir Putin. Ele reiterou que a Rússia nunca abandonou o diálogo com o regime de Kiev e que foi este quem se retirou das negociações com Moscou. Este foi o primeiro diálogo entre as partes em três anos.