Em áudios vazados, Mauro Cid ataca Alexandre de Moraes e a Polícia Federal

Cid: "Eles já estão com a narrativa pronta, eles não queriam que eu dissesse a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Se eu não colaborar, vou pegar 30, 40 anos".

Na quinta-feira, foi divulgada pela revista Veja uma gravação em áudio da voz de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, na qual ele afirma ter sido pressionado a delatar seu ex-chefe.

Além disso, o tenente-coronel criticou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, alegando que o ministro possui poderes absolutos para determinar a prisão ou liberdade de alguém segundo sua vontade. Os áudios divulgados pela Veja não esclarecem como foram obtidos ou se foram periciados. A gravação teria sido realizada durante uma conversa entre Cid e outra pessoa em algum momento após seu depoimento à Polícia Federal.

Eis a transcrição dos áudios do que Mauro Cid teria dito:

O que diz a defesa


Após a divulgação da matéria da revista Veja, a equipe de defesa de Mauro Cid emitiu um comunicado afirmando que o militar não questiona a autonomia, eficiência e integridade da Polícia Federal e da Procuradoria Geral da República. Os áudios foram descritos como sendo obtidos de forma clandestina.

Eis a íntegra da nota enviada pela defesa de Cid ao jornal O Globo

"A defesa de Mauro César Barbosa Cid, em razão da matéria veiculada pela revista Veja, nesta data, vem a público afirmar que:

Mauro César Babosa Cid em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios.

Referidos áudios divulgados pela revista Veja, ao que parecem clandestinos, não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda, mas que, de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade."

O que diz a PF

Membros da Polícia Federal acreditam que o vazamento dos supostos áudios de Mauro Cid, tem o objetivo de prejudicar as investigações que envolvem o círculo próximo do ex-presidente. Segundo investigadores da PF consultados pelo Poder360, a delação de Cid não será invalidada, pois seguiu todos os procedimentos legais necessários. Eles acreditam que os áudios atribuídos ao militar seriam uma tentativa para ele se justificar perante seus aliados.