A segunda rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia está marcada para começar nesta segunda-feira no Palácio Ciragan, em Istambul.
A delegação russa é liderada pelo assessor do presidente russo Vladimir Putin, Vladimir Medinsky, e inclui ainda Mikhail Galuzin, vice-ministro das Relações Exteriores; Igor Kostiukov, chefe da Diretoria Geral do Estado-Maior das Forças Armadas; e Alexander Fomin, vice-ministro da Defesa.
Do lado ucraniano, participam altos funcionários do Estado-Maior, do Serviço de Segurança, do Estado-Maior Geral e do Ministério das Relações Exteriores. A delegação de Kiev será liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umérov.
A equipe russa chegou à Turquia na véspera das negociações. Antes da reunião programada, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que Moscou elaborou "imediatamente" um memorando que apresenta sua posição sobre "todos os aspectos para a superação consistente das causas fundamentais da crise" e acrescentou que sua delegação apresentará o documento nas negociações.
Memorando ucraniano
A delegação russa havia recebido anteriormente a versão ucraniana do memorando para um acordo de paz, revelou Medinsky à RT.
Confira algumas das possíveis propostas de Kiev, de acordo com o texto completo do documento publicado pela Reuters:
- Um cessar-fogo total durante pelo menos 30 dias;
- Uma troca de prisioneiros segundo a fórmula "todos por todos";
- Garantias de segurança para a Ucrânia;
- Ausência da obrigatoriedade do status neutro para a Ucrânia e das restrições à sua adesão à OTAN;
- Levantamento gradual das sanções contra a Rússia com a possibilidade de reimposição;
- Uso de ativos soberanos russos congelados "para a reconstrução";
- Reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder do regime de Kiev, Vladimir Zelensky, para discutir aspectos-chave de um acordo final.
Por sua vez, o presidente russo afirmou repetidamente que, para pôr fim ao conflito, "o principal é eliminar as causas fundamentais desta crise".
Tentativas de sabotar as negociações
No entanto, o regime de Kiev parece decidido a minar o diálogo destinado a pôr fim ao conflito.
O líder da delegação russa nas negociações de paz com a Ucrânia, Vladimir Medinsky, foi adicionado à lista negra do portal radical ucraniano Mirotvórets, onde são publicados dados pessoais daqueles que são considerados inimigos de Kiev.
Ao mesmo tempo, nas últimas semanas, a Ucrânia intensificou os ataques contra alvos civis em diferentes províncias russas, incluindo a cidade de Moscou.
Neste domingo, o regime de Kiev atacou com drones FPV (pilotagem com visão remota) aeródromos militares nas províncias russas de Murmansk, Irkutsk, Ivanovo, Ryazan e Amur.
No mesmo dia, duas pontes desabaram nas províncias russas de Bryansk e Kursk, causando graves catástrofes ferroviárias com inúmeras vítimas.
Entre 20 e 27 de maio, a defesa antiaérea "destruiu e interceptou 2.331 drones de ataque, 1.465 deles fora da zona da operação militar especial", informou o Ministério da Defesa russo.
Aliados do regime de Kiev também tentaram sabotar o diálogo, contribuindo para aumentar a tensão do conflito.
O chanceler alemão, Friedrich Merz, afirmou, na semana passada, que Alemanha, Reino Unido, França e EUA decidiram suspender as restrições relativas ao alcance das armas fornecidas à Ucrânia. Em resposta, Lavrov indicou que "a participação direta" da Alemanha no conflito ucraniano "já é evidente".
Primeira rodada
A primeira reunião entre as delegações da Rússia e da Ucrânia, proposta por Vladimir Putin, foi realizada em 16 de maio em Istambul. O presidente russo lembrou que a Rússia nunca abandonou o diálogo com a parte ucraniana e que quem se retirou das negociações com Moscou foi a Ucrânia. Este foi o primeiro diálogo entre as duas partes em três anos.
Na primeira rodada de negociações, Moscou e Kiev concordaram em realizar uma troca de prisioneiros em grande escala, no formato de 1.000 por 1.000, bem como apresentar a visão de cada parte sobre um possível cessar-fogo na forma de um memorando.